terça-feira, 5 de junho de 2012

Meio Ambiente e Arquitetura

          O mundo está passando por uma série de modificações que obrigam os seres humanos a reavaliar suas atividades. Atualmente, passamos por uma grande crise socioambiental de caráter antrópico e global e que traz consequências em diferentes contextos e sua lenta resolução tem como resultado o agravamento da deterioração da qualidade de vida, em todos os sentidos. No Dia Mundial do Meio Ambiente, o THAU DO BLOG traz uma reflexão sobre o o nosso papel na preservação do planeta e um panorama do que vivemos no momento.


          Publicado no dia 15 de maio deste ano, o Relatório Planeta Vivo da Rede WWF, é principal pesquisa bianual sobre a saúde do planeta. A publicação traz os principais resultados do relatório e uma análise da situação ambiental do planeta nestes últimos 20 anos, desde a Rio 92 até a Rio+20.

          O Relatório do Planeta Vivo utiliza o Índice Planeta Vivo, mundial, para medir as mudanças na saúde dos ecossistemas do planeta, por meio do rastreamento de 9 mil populações de mais de 2.600 espécies. Esse índice global mostra uma diminuição de quase 30%, desde 1970, que é mais acentuada nos trópicos – onde foi constatado um declínio de 60% em menos de 40 anos. Assim como a biodiversidade se encontra numa tendência descendente, a Pegada Ecológica do Planeta Terra – que é outro indicador chave utilizado nesse relatório - ilustra como a nossa demanda por recursos naturais se tornou insustentável. Segundo Jim Leape, Diretor Geral da Rede WWF, vivemos como se tivéssemos um planeta extra à nossa disposição. Utilizamos 50% mais recursos do que o planeta Terra pode produzir de forma sustentável e, a menos que a gente altere esse rumo, esse número vai aumentar rapidamente e em 2030, até mesmo dois planetas não serão suficientes.


        Até 2050, duas em cada três pessoas viverão em uma cidade; e a humanidade precisará desenvolver formas novas e aperfeiçoadas de gestão e manejo dos recursos naturais.  Países com renda elevada têm uma Pegada Ecológica que é, em média, cinco vezes a dos países de baixa renda. Os 10 países com a maior Pegada Ecológica por pessoa são: Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Dinamarca, Estados Unidos da América, Bélgica, Austrália, Canadá, Holanda e Irlanda. 


No entanto, de acordo com o Índice Planeta Vivo, o declínio da biodiversidade desde 1970 tem sido mais rápido nos países de baixa renda – o que demonstra como as nações mais pobres e mais vulneráveis subsidiam o estilo de vida dos países mais ricos.

Devido ao novo modelo de desenvolvimento pelo qual nossa civilização está passando, o meio ambiente está cada vez mais flagelado nas cidades. Estamos diante de um  desequilíbrio natural.
Os problemas ambientais estão ligados principalmente com a urbanização predatória sobre o ecossistema, conseqüência da ausência de políticas que atendam os problemas principalmente de falta de moradia. Vemos nas grandes cidades tentativas e estratégias de sobrevivência, destruindo a cobertura vegetal e privilegiando a deterioração do meio ambiente urbano.
A relação entre meio ambiente urbano e qualidade de vida, está interligada com práticas do cotidiano vinculadas ao bairro e ao domicílio, o acesso a serviços, as condições de habitabilidade da moradia e as formas de interação e participação da população. É necessário entender a idéia que as pessoas têm sobre o meio ambiente que vivem e sobre a melhor forma de melhorá-lo e preservá-lo. Essa percepção dos problemas e das soluções varia entre os diferentes grupos sociais, ou seja, há uma particularidade no modo como os moradores pensam sobre as práticas sociais e sua relação com os aspectos ambientais.


É fundamental que as cidades usem mecanismos de avaliação de impactos, como a Pegada Ecológica e adotem políticas públicas de mitigação que ajudem a reduzir os impactos. Porém, os cidadãos também precisam repensar o seu consumo, avaliar até que ponto seus hábitos cotidianos estão impactando o meio ambiente e fazer escolhas mais sustentáveis.


Passados 20 anos desde a última cúpula mundial, a Rio+20, que acontecerá entre os próximos dias 13 e 22 de junho, constitui uma oportunidade para que as lideranças mundiais reafirmem seus compromissos com a criação de um futuro sustentável.

 O Brasil, que abriga uma de uma das maiores biodiversidades do mundo, tem um papel fundamental nesse processo de mudança que deve ocorrer não apenas no discurso mas, principalmente, com ações práticas.
"Os temas que estão colocados na Rio+20 - economia verde, governança e erradicação da pobreza - são como recomeçar o mundo. Sem dúvida são coisas que dependem de acordos entre governos, mas temos a sensação de que esses acordos vão demorar cada vez mais. Então é fundamental a sociedade se mobilizar por esses temas, pressionar", afirmou o pesquisador da USP Pedro Roberto Jacobi, do Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental da USP. No entanto, as recomendações que a sociedade civil apresentar durante a Rio+20 não serão acolhidas no documento final da conferência.

A Green School, uma escola ecológica construída em Bali, é um exemplo de como a arquitetura pode obter sucesso no âmbito sustentável e alcançar objetivos além daqueles os quais foram suas bases.

"As crianças sabem que o controle do clima sem esforço pode não ser parte do futuro deles. Nós pagamos a conta no final do mês, mas quem realmente vai pagar as contas são nossos netos. O mundo não é indestrutível."  John Hardv, fundador da escola
A construção da escola atraiu construções verdes como habitações e até mesmo indústrias, reeducou a população e levou o conceito de sustentabilidade à toda a região onde foi implantada.

A Green School é autossuficiente e ensina técnicas de construção em bambu,  colheita, jardinagem, educação ambiental, além de outros itens da educação tradicional. 20 % dos alunos são de Bali e 80% são de mais de 25 países.
Exemplo de arquitetura sustentável, a iniciativa prova que nosso melhor investimento será a formação de grandes líderes que realmente se preocupem com o meio ambiente.

Por Jéssica Rossone

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