O mundo está passando por uma série de modificações que obrigam os seres humanos a reavaliar suas atividades. Atualmente, passamos por uma grande crise socioambiental de caráter antrópico e global e que traz consequências em diferentes contextos e sua lenta resolução tem como resultado o agravamento da deterioração da qualidade de vida, em todos os sentidos. No Dia Mundial do Meio Ambiente, o THAU DO BLOG traz uma reflexão sobre o o nosso papel na preservação do planeta e um panorama do que vivemos no momento.
Publicado no dia 15 de maio deste ano, o Relatório Planeta Vivo da Rede WWF, é principal pesquisa bianual sobre a saúde do planeta. A publicação traz os principais resultados do relatório e uma análise da situação ambiental do planeta nestes últimos 20 anos, desde a Rio 92 até a Rio+20.
O Relatório do Planeta Vivo utiliza o Índice Planeta Vivo, mundial, para medir as mudanças na saúde dos ecossistemas do planeta, por meio do rastreamento de 9 mil populações de mais de 2.600 espécies. Esse índice global mostra uma diminuição de quase 30%, desde 1970, que é mais acentuada nos trópicos – onde foi constatado um declínio de 60% em menos de 40 anos. Assim como a biodiversidade se encontra numa tendência descendente, a Pegada Ecológica do Planeta Terra – que é outro indicador chave utilizado nesse relatório - ilustra como a nossa demanda por recursos naturais se tornou insustentável. Segundo Jim Leape, Diretor Geral da Rede WWF, vivemos como se tivéssemos um planeta extra à nossa disposição. Utilizamos 50% mais recursos do que o planeta Terra pode produzir de forma sustentável e, a menos que a gente altere esse rumo, esse número vai aumentar rapidamente e em 2030, até mesmo dois planetas não serão suficientes.
Até 2050, duas em cada três pessoas viverão em uma cidade; e a humanidade precisará desenvolver formas novas e aperfeiçoadas de gestão e manejo dos recursos naturais. Países com renda elevada têm uma Pegada Ecológica que é, em média, cinco vezes a dos países de baixa renda. Os 10 países com a maior Pegada Ecológica por pessoa são: Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Dinamarca, Estados Unidos da América, Bélgica, Austrália, Canadá, Holanda e Irlanda.
No entanto, de acordo com o Índice Planeta Vivo, o declínio da biodiversidade desde 1970 tem sido mais rápido nos países de baixa renda – o que demonstra como as nações mais pobres e mais vulneráveis subsidiam o estilo de vida dos países mais ricos.
Devido ao novo modelo de desenvolvimento pelo qual nossa civilização está passando, o meio ambiente está cada vez mais flagelado nas cidades. Estamos diante de um desequilíbrio natural.
Os problemas ambientais estão ligados principalmente com a urbanização predatória sobre o ecossistema, conseqüência da ausência de políticas que atendam os problemas principalmente de falta de moradia. Vemos nas grandes cidades tentativas e estratégias de sobrevivência, destruindo a cobertura vegetal e privilegiando a deterioração do meio ambiente urbano.
A relação entre meio ambiente urbano e qualidade de vida, está interligada com práticas do cotidiano vinculadas ao bairro e ao domicílio, o acesso a serviços, as condições de habitabilidade da moradia e as formas de interação e participação da população. É necessário entender a idéia que as pessoas têm sobre o meio ambiente que vivem e sobre a melhor forma de melhorá-lo e preservá-lo. Essa percepção dos problemas e das soluções varia entre os diferentes grupos sociais, ou seja, há uma particularidade no modo como os moradores pensam sobre as práticas sociais e sua relação com os aspectos ambientais.
É fundamental que as cidades usem mecanismos de avaliação de impactos, como a Pegada Ecológica e adotem políticas públicas de mitigação que ajudem a reduzir os impactos. Porém, os cidadãos também precisam repensar o seu consumo, avaliar até que ponto seus hábitos cotidianos estão impactando o meio ambiente e fazer escolhas mais sustentáveis.
Passados 20 anos desde a última cúpula mundial, a Rio+20, que acontecerá entre os próximos dias 13 e 22 de junho, constitui uma oportunidade para que as lideranças mundiais reafirmem seus compromissos com a criação de um futuro sustentável.
"Os temas que estão colocados na Rio+20 - economia verde, governança e erradicação da pobreza - são como recomeçar o mundo. Sem dúvida são coisas que dependem de acordos entre governos, mas temos a sensação de que esses acordos vão demorar cada vez mais. Então é fundamental a sociedade se mobilizar por esses temas, pressionar", afirmou o pesquisador da USP Pedro Roberto Jacobi, do Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental da USP. No entanto, as recomendações que a sociedade civil apresentar durante a Rio+20 não serão acolhidas no documento final da conferência.
A Green School, uma escola ecológica construída em Bali, é um exemplo de como a arquitetura pode obter sucesso no âmbito sustentável e alcançar objetivos além daqueles os quais foram suas bases.
A construção da escola atraiu construções verdes como habitações e até mesmo indústrias, reeducou a população e levou o conceito de sustentabilidade à toda a região onde foi implantada.
A Green School é autossuficiente e ensina técnicas de construção em bambu, colheita, jardinagem, educação ambiental, além de outros itens da educação tradicional. 20 % dos alunos são de Bali e 80% são de mais de 25 países.
Exemplo de arquitetura sustentável, a iniciativa prova que nosso melhor investimento será a formação de grandes líderes que realmente se preocupem com o meio ambiente.
Por Jéssica Rossone