sexta-feira, 27 de abril de 2012

Seminário discute patrimônio, cultura e educação

A segunda edição do seminário "Olhar sobre o que é nosso", organizado pela Funalfa, discutiu este ano a relação do patrimônio com cultura e educação. Nos três dias do evento, dias 24, 25 e 26 de abril, a programação contemplou os participantes com duas palestras e um debate.

No primeiro dia tivemos as palestras "Patrimônio, Cultura e Educação", com Luiz Fernando de Almeida, presidente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e coordenador do Programa Monumenta do Ministério da Cultura e "Patrimônio imaterial sob a ótica da cultura e educação", com Célia Maria Corsino, museóloga e diretora do Departamento do Patrimônio Imaterial do Iphan.

No segundo dia de atividades tivemos a participação de José Reginaldo Santos Gonçalves, PhD em Antropologia Cultural pela Universidade de Virgínia (EUA) e pesquisador Associado III do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com a palestra "Patrimônio Cultural e Cultura" e também a participação de Lygia Baptista Pereira Segala Pauletto, pós-doutora pela École des Hautes Études em Sciences Sociales e pelo Centre D'Étude du Développement em Amérique Latine, ambos na França. Coordenadora do Laboratório de Educação Patrimonial da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, ela nos apresentou a palestra "Patrimônio cultural e educação".

Debate: José Reginaldo Santos e Lygia Baptista Pereira Segala Pauletto

No terceiro e último dia, tivemos as palestras "Patrimônio cultural: um novo campo de ação para os professores", com Júnia Sales Pereira, da Faculdade de Educação da UFMG, uma das coordenadoras do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino de História (Fae/CP-UFMG) e "Educação patrimonial na perspectiva transdisciplinar", com Adriana Piva, mestre em educação pela UFMG e bacharel em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP).


Debate: Júnia Sales Pereira e Adriana Piva

Os novos desafios trazidos pelas novas metas de patrimonialização imaterial foram ressaltados durante a fala da professora da Faculdade de Educação de UFMG Júnia Sales Pereira. Para ela, novas políticas patrimoniais trazem consequentemente a invocação de novas culturas e a sua aceitação é um desafio, como referencialidade e pertencimento. Ao mesmo tempo que as singularidades regionais e locais são incluídas nesse novo contexto, o sentimento nacionalista recebe uma provocação em relação à inclusão social.
 E, neste sentido, os professores são considerados os agentes sociais que agem através da potencialização da cultura como patrimônio e podem provocar tais mudanças com maior domínio. Sob o olhar das novas ações patrimoniais o patrimônio, a cultura e a criação são agora entendidos como potência e é importante que as pessoas a se sentam parte do complexo patrimonial. Para exemplificar esta última afirmação, ela cita o poema "A rua em mim" de Carlos Drummond de Andrade, transcrito logo abaixo.
 
A rua em mim - Carlos Drummond de Andrade
 
Rua do Areão, e vou submergindo
na pirâmide fofa ardente, areia

cobrindo olhos dedos pensamento e tudo.
Rua dos Monjolos, e me desfaço milho
pilado lancinante em água.
Paredão da Rua Tiradentes, em Itabira

Evitar a espetacularização do patrimônio.
Rua do Cascalho, arrastam meus despojos
feridos sempremente. Rua Major Laje,
salvai, parente velho, este menino
desintegrado.
Rua do matadouro, eu vi que sem remédio.
Rua Marginal, é sempre ao lado
ao longe o amor.
Ao longe e sem passagem na
Ladeira Estreita.
Rua Tiradentes, aprende e cala a boca.
Travessa da Fonte do Caixão,
e tudo acaba?
Rua da Piedade, Rua da Esperança,
Rua da Água Santa, e ao úmido milagre
me purifico, e vida.

 

Logo após, a palestrante nos faz pensar no valor e na lógica do patrimônio natural, além do imaterial, que nós havíamos discutido até o momento. E nos apresentou o texto abaixo reproduzido.


Ruína - Manoel de Barros

Um monge descabelado me disse no caminho: Eu queria construir uma ruína. Embora eu saiba que ruína é uma descontrução. Minha idéia era fazer uma coisa com jeito de tapera. Alguma coisa que servisse para ABRIGAR O ABANDONO, como as taperas abrigam. Porque o abandono não pode ser apenas um homem debaixo da ponte, mas pode ser também um gato no beco ou uma criança presa num cubículo. O abandono pode ser também de uma expressão que tenha entrado para o arcaico ou mesmo de uma palavra. Uma palavra que esteja sem ninguém dentro. (o olho do monge estava perto de ser um canto.) Continuou: digamos a palavra AMOR... A palavra amor está quase vazia. Não tem gente dentro dela. Queria construir uma ruína para salvar a palavra amor. Talvez ela renascesse das ruínas, como o lírio pode nascer de um monturo. E o monge se calou descabelado.

O seminário contou com a presença de participantes provenientes de várias cidades da Zona da Mata Mineira, fato que evidenciou a sua importância para a formação profissional e acadêmica da população residente próxima ao município de Juiz de Fora. Acrescentou muito na minha formação não só acadêmica, mas também pessoal. Recomendo à todos que participem deste tipo de eventos, seja qual for sua área de atuação, pois nos estimulam a pensar de forma crítica e não apenas assistir os acontecimentos que interferem em nossa sociedade.


Por Jéssica Rossone
 

quarta-feira, 25 de abril de 2012


Encerradas as primeiras atividades em comemoração dos 20 anos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, apresentamos acima a logomarca vencedora do concurso, anunciada na última quarta-feira, dia 18. A logomarca, que é inspirada nas obras do pintor holandês Pieter Mondrian é de autoria de João Paulo Lopes. Logo abaixo, você pode conferir os 2º e 3º lugar e menção honrosa.
 
2º lugar
por Douglimar Meireles
  

3º lugar
por Dalvan Campos

 
 
Menção honrosa
por Alex Almeida

Durante os três primeiros dias do evento, que apenas se inicia, discussões amplas sobre diversas áreas envolvidas no campo da arquitetura aconteceram. A presença do então Prefeito de Juiz de Fora Custódio Mattos surpreendeu positivamente e pode trazer à mesa alguns tópicos importantíssimos como acessibilidade, crescimento sustentável e planejamento urbano.

Mesa composta por autoridades locais e professores do curso
de Arquitetura e Urbanismo da UFJF. Entre eles: Marcos Olender,
Letícia Zambrano, Mauro Campello e Gustavo Abdalla.

Ao longo do ano, profissionais de outras universidades do país e também nomes de referência no exterior participarão de palestras, minicursos, mesas redondas, workshops e outras atividades com o objetivo de fomentar a circulação de ideias em diferentes áreas da formação acadêmica. Não percam: as próximas atividades serão divulgadas em breve aqui no THAUDOBLOG!



Por Jéssica Rossone


Seminário Espaços Públicos em Juiz de Fora - Realidade ou ficção?


Durante os dias 8, 9 e 10 de Maio será realizado no galpão do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF um importate evento para debater e refletir sobre os espaços públicos da nossa cidade. Não deixe de participar!


Por Vitor Wilson

terça-feira, 24 de abril de 2012

Letreiro de Hollywood vira hotel

Divulgação: Bay Arch

Dos muitos projetos estranhos diferentes que surgem por aí, este vale a pena ser destacado, mesmo que somente por curiosidade. O escritório dinamarquês Bay Arch apresentou em 2010, uma proposta para transformar o famoso letreiro de Hollywood em um hotel. O projeto sugerido pelo escritório prevê que as letras dobrem de altura e largura, abrigando em seu interior quartos de luxo, teatro, museu e restaurantes.

Divulgação: Bay Arch
Segundo o arquiteto responsável, Christian Bay-Jorgensen, o hotel teria 308 quartos divididos em dez pavimentos, uma plataforma de observação no edifício - já que a vista do letreiro é considerada uma das melhores de Los Angeles e ainda arrecadaria divisas para a cidade: 290 milhões de dólares, incluindo o preço de hospedagem e as visitas ao deck de observação, ao museu sobre Hollywood e aos bares e restaurantes do empreendimento.
Divulgação: Bay Arch
Corte esquemático



Por Vitor Wilson

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Daniel Libeskind

Nascido na Polônia do pós-guerra, Libeskind emigrou para os Estados Unidos com sua família para se tornar um cidadão americano em 1964. Estudou música em Israel (no América-Israel Cultural Foundation Scholarship) e em Nova York tornou-se um artista virtuoso. Ele deixou a música para estudar arquitetura, recebendo seu diploma profissional em 1970 pela União Cooper para o Avanço da Ciência e Arte, em Nova York. Recebeu um diploma de pós-graduação em História e Teoria da Arquitetura na Escola de Estudos Comparados na Universidade de Essex (Inglaterra) em 1972. Desde o estabelecimento a sua prática em Berlim, em 1989, Libeskind concebeu importantes projetos culturais, comerciais e residenciais em todo o mundo. Estes incluem o plano mestre para o World Trade Center e o Museu Judaico de Berlim. Em outubro de 2011 sua empresa, o Studio Daniel Libeskind, completou o redesign do que é hoje o maior museu da Alemanha, o Museu de História Militar de Dresden.  No mesmo mês, a Universidade de Hong Kong celebrou a abertura do Libeskind Run Run Shaw projetado pelo Creative Media Centre. Outros projetos recentes incluem o projeto do teatro Grand Canal, uma adição importante à zona das docas de Dublin e do núcleo cultural da cidade; Cristais no CityCenter, um complexo de 500.000 metros quadrados de varejo que é a peça central do desenvolvimento da MGM Mirage.

Ground Zero


O Studio tem vários projetos em construção, incluindo a remodelação  do City's Life da histórica Fiera Milano Fairgrounds, em Milão; Kö-Bogen, um escritório e um complexo de varejo em Düsseldorf; dois arranha-céus desenvolvidos, A Torre L em Toronto e Reflexions em Keppel Bay, um emprendimento de dois milhões de metros quadrados residenciais em Singapura; Zlota 44, um anexo residencial em Varsóvia, e Haeundae Udong Hyundai l'Park, um emprendimento de uso misto em Busan, Coreia do Sul, que quando concluída irá incluir o mais alto edifício residencial na Ásia.

Fiera Milano
Projetos em desenvolvimento incluem o Arquipélago 21, o plano mestre para o site da International Business District Yongsan, em Seul; o Instituto para a Democracia e Resolução de Conflitos, da Universidade de Essex, na Inglaterra; Vitra, uma torre residencial em São Paulo ( veja aqui nossa publicação sobre esse projeto) e a Central Deck e Arena, em Tampere, na Finlândia, um desenvolvimento misto utilizado que contém uma arena de hóquei no gelo, grande o suficiente para assentar 11.000 visitantes.

Imperial War Museum




Entre os muitos edifícios de Libeskind que receberam aclamação mundial estão a Felix Nussbaum Haus, em Osnabrück, Alemanha (1998); o Imperial War Museum North em Manchester, Inglaterra (2002); a extensão do Denver Art Museum e o Museu de Arte de Denver Residences (2006); o Royal Ontario Museum (2007); uma extensão do Museu Judaico de Berlim (2007); um arranha-céu residencial em Covington, Kentucky (2008); o Museu judaico em São Francisco (2008) e Westside, o maior centro de varejo e saúde da Europa, localizado em Berna, Suíça (2008).

Museu Judaico de Berlim











Daniel Libeskind lecionou em várias universidades em todo o mundo, ocupou cargos como a cadeira de Frank Gehry da Universidade de Toronto, a cadeira de Louis Kahn da Universidade de Yale e foi professor da Hochschule für Gestaltung, Karlsruhe, Alemanha. Recebeu inúmeros prêmios, incluindo de 2001 Hiroshima Art Prize - Um prêmio dado a um artista cujo trabalho promove a compreensão internacional e paz, nunca antes dado a um arquiteto. As idéias de Libeskind influenciaram uma nova geração de arquitetos e aqueles interessados ​​no desenvolvimento futuro das cidades e da cultura.
Reflections, Keppel Bay - Singapura


Por Vitor Wilson

Entrevista - Doris Kowaltowski


Nascida em Hamburgo, na Alemanha, durante a 2ª Guerra Mundial a Professora Doris Komaltowski morou em vários países antes de chegar ao Brasil, país que reside atualmente. Convidada para ministrar o minicurso “O Programa na Arquitetura” durante as primeiras atividades comemorativas dos 20 anos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, ela discorreu sobre diversos temas, disseminando sua experiência nos mais diversos assuntos relacionados à arquitetura. Transcrevemos abaixo alguns trechos da entrevista que fizemos com ela um pouco antes no início do minicurso.


O THAU do Blog: Como surgiu o seu interesse pela arquitetura?
Doris: Eu sempre estava medindo as coisas. Não sei o porquê, mas eu sempre estava medindo tudo. Meu pai era diplomata e, por isso, eu residi em vários lugares da Europa. Eu sempre estava em busca de coisas novas para observar, e Istambul me fascinava, era uma Europa diferente que me impactava. Lá tinham os prédios emblemáticos, como mesquitas e ruínas. Quando, muito nova, acabei o ensino médio, e ainda não podia entrar em uma universidade, tive muito tempo para decidir o que fazer. Eu queria ser arqueóloga, então meu pai achou interessante que eu conhecesse alguns arqueólogos, mas naquela época as pessoas diziam que menina só poderia ser professora, enfermeira ou esposa. E que se eu escolhesse arqueologia provavelmente só tiraria pó de museus. Então eu escolhi a arquitetura!

O THAU do Blog: Onde você estudou arquitetura e como veio para o Brasil?
Doris: Bom, minha formação primária e secundária foi toda na Europa. Com 17 anos, mudei para a Austrália, onde morei com a minha mãe durante os seis anos que fiz o curso integral de Arquitetura. (...) Quando terminei o curso, fui morar novamente com meu pai, em Londres, onde trabalhei em alguns escritórios de arquitetura. Meu mestrado e doutorado foram feita na Universidade da Califórnia, nos EUA. E foi lá que conheci meu marido, brasileiro, que me trouxe até aqui. Foi uma história de amor!


Ao lado do Shanghai World Financial Center, a torre Jin Mao parece pequena, mas foi a maior da China por quase dez anos.
Torre Jin Mao, em Xangai: a maior da China
 por quase dez anos
 O THAU do Blog: O que pensa sobre a arquitetura produzida atualmente no Brasil? 

Existe a tradição do concreto armado na arquitetura moderna. Essa tradição ocasionou uma cultura, ou seja, um costume de se construir assim. E começa agora, no Brasil, a cultura de se construir edifícios mais altos, de se viver em áreas mais densas, como na China, por exemplo. Porém, na China, o fator que leva a essa cultura é político e a população não questiona as decisões do governo.


Enquanto isso, no Brasil, a construtora
FG Empreendimentos, de Santa Catarina,
irá construir o prédio mais alto do Brasil em
2012. Com quase 240 m de altura, terá uso
 misto. Lojas e serviços ficarão no térreo.
Cada apartamento de alto padrão custará
 cerca de R$ 1,6 milhão.
Segundo a psicologia ambiental, o limite dos gabaritos deveria ser cinco. Sabe por quê? Se o prédio tem mais de cinco pavimentos se perde a relação com o indivíduo que está lá embaixo, não dá mais para reconhecer as pessoas. Na verdade, 99% das nossas cidades, e isso eu falo em escala mundial, não têm arquitetura.


O THAU do Blog: Tem algum arquiteto brasileiro que você admira? Por quê?

Doris: Sim, têm vários, mas não me lembro de todos eles. Tem gente nova por aí, mas tem gente que me preocupa muito por sua arrogância. Destaco o trabalho do Lelé, pois ele tem personalidade forte e é crítico de si mesmo. Procurem arquitetos sensíveis, que demonstrem afeto e que produzem projetos que as pessoas amam. Eu chamo isso de arquitetura sensível.
O THAU do Blog: O que você pensa sobre a construção informal e os programas de habitação social do governo?

Doris: Sou absolutamente a favor do investimento que governo faz, porém sou muito crítica. O que podemos observar é que na autoconstrução, a maioria das famílias não constrói sozinha, e acabam por produzir casas 30% maiores do que as dos programas habitacionais e espaços que funcionam melhor. O problema é que falta conhecimento técnico a essas pessoas, e elas constroem cópias de outras construções, sem a reflexão sobre a qualidade. A maioria destas construções tem problemas de ventilação e de privacidade, pois as pessoas tem que passar por vários ambientes até chegar ao seu destino.
O THAU do Blog: Que conselho daria aos estudantes de arquitetura, como nós?

Doris: É difícil ter talento suficiente para resolver o urbanismo e ao mesmo tempo agradar e fazer uma arquitetura funcional. Nem sempre o que a gente faz é uma boa arquitetura. Mas seja sensível, honesto e não arrogante. Produza algo realmente interessante, e que dure. Tenha um processo reflexivo e de debate, de dinâmica no processo de projeto. Analisar o precedente também é importante, e por isso a história também é uma base absolutamente necessária.
Agradecemos à Professora Doris por esta oportunidade de entrevistá-la e pela forma doce e gentil como nos respondeu cada pergunta. Agradecemos também à Comissão dos 20 anos, idealizadora do minicurso e ao Professor Klaus Chaves, que tornou possível o nosso encontro.

 Por Jéssica Rossone




terça-feira, 17 de abril de 2012

PALIMPSESTO no CCBM



"Uma exposição interativa em que fotografias de um mesmo lugar em épocas diferentes são projetadas e descobertas a partir do movimento da silhueta do participante em contato com a obra, que vai continuamente, revelando as imagens sobrepostas."  Vale a pena conferir!


Mais informações em: www.palimpsesto.art.br




Por Jéssica Rossone

Gabriela de Morais fala sobre o EREA Ibitipoca



Queremos descobrir o EREA IBITIPOCA e compartilhar com você o que representa para nós o XV Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura.
Para nos ajudar nesta tarefa, convidamos a articuladora do movimento estudantil da Diretoria de Atividades da ComOrg do EREA IBITIPOCA, Gabriela de Morais, mais conhecida como Garé, estudante do 8º período do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF.


Nas palavras dela “ComOrg é a Comissão Organizadora do EREA. Ela é formada somente por estudantes, de arquitetura principalmente, mas não necessariamente. A ComOrg é eleita juntamente com a eleição da cidade-sede, no encontro anterior, e se organiza com base em um estatuto registrado em cartório. Nossa ComOrg, especificamente, tem uma organização horizontal, ou seja, sem hierarquias. Fazemos parte de diretorias, mas os trabalhos são organizados em grupos de trabalho que possibilitam que todos possam trabalhar juntos em algum momento. Tomamos decisões em reuniões gerais, com todos presentes, com voz e fala livres e geralmente preferimos chegar a um consenso, antes de ter que votar. Somos muito diferentes, pensamos muito diferente, e acho que só por isso, nossas discussões são bastante ricas! É uma experiência muito forte.”


Além da Gabriela, 20 pessoas fazem parte da Comissão Organizadora do EREA IBITIPOCA. São elas: Aline Ofrante, Filipe Quaresma, Fabrício Zanoli, Bárbara Lopes, Marina Annes, Marina Franzini, Matheus Mello, Bruno Roberti, Beatriz Moreira, Isadora Abreu, Nuno Melo, Tássia Rocha, Isabela Canonico, Mariana Bedendo, Bruna Martins, Lucas Souzalima do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, a Raisa Chapinotti do Instituto de Artes e Design da UFJF e Cassio Freitas e Mariana Rebelatto do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora.

“Os Encontros de Arquitetura e Urbanismo são os maiores e mais conhecidos projetos da FeNEA, e abordam temas relativos a Arquitetura e Urbanismo, assim como seu ensino, pesquisa e extensão. Acontecem anualmente a nível nacional e regional e possuem como principal objetivo estreitar o contato entre os referidos estudantes e contribuir para sua formação enquanto cidadãos e profissionais, buscando além de tudo, articular os acadêmicos presentes a fim de fazer cumprir os objetivos principais a que a federação se propõe, estimulando o pensamento crítico de cada um para buscar melhores condições de ensino e lutar pelos seus direitos.” (http://www.ereaibitipoca2012.org/)

O THAU do Blog: Muitos estudantes ainda não entendem a dinâmica dos EREA’s. Qual a contribuição destes eventos para a formação acadêmica e como o estudante pode participar?
Garé: Os EREA's são realmente bastante incompreendidos. Aliás, nós, estudantes de ensino superior de uma forma geral, também somos. E na verdade, pouca gente se interessa em saber que a gente se esforça muito enfrentando muitos obstáculos pra tentar contribuir de alguma forma com a sociedade. Com os EREA's acontece o mesmo. Se a gente não parar pra entender o porquê deste projeto existir, só vai assimilar o pré-conceito. 
Bem, a contribuição para a formação acadêmica do estudante é só um viés dos objetivos de um EREA. Na verdade ele contribui bem mais que isso. Vemos até mesmo dentro da academia, uma perda de conteúdo realista, de crítica sociopolítica, de entendimento contextual da sociedade atual e é claro que esta falha acaba afetando nossa produção acadêmica e, consequentemente, nossa produção profissional.
O EREA é uma das alternativas a esse espaço já fragmentado que se tornou a academia, falando de uma forma generalizada. Pois ele traz, num ambiente livre e atrativo, atividades que complementem nosso conhecimento não só de Arquitetura e Urbanismo, mas de mundo. Isso acontece com atividades culturais, práticas, lúdicas, acadêmicas e políticas. Não é só um aprendizado, é um momento de troca. Não tem professor ensinando e aluno aprendendo. Têm participantes contribuindo um com o outro. Essa experiência é enriquecedora pra quem se doa, pra quem tem vontade de percebê-la. É claro, partindo do que eu já mencionei sobre pré-conceito, existem pessoas que não aproveitam essa oportunidade, mas como o EREA é um ambiente livre, essas pessoas estão livres também para não aproveitar a oportunidade que lhes é dada! Mas eu acredito que qualquer pessoa leva pra casa uma contribuição, mesmo que seja inconsciente, até porque somente a interação com estudantes de outras escolas de arquitetura já nos leva a novas perspectivas.
Em geral, o EREA permite 4 dias de extensão universitária, de uma maneira mais intensa, explorando a fundo um tema. Algo que dificilmente teremos oportunidade de encontrar dentro da faculdade.

O THAU do Blog: Há um ano nossa Delegação apresentava a proposta “EREA Ibitipoca” no XIV EREA, em Vila Velha – ES. Por que a proposta obteve tanto sucesso e aprovação dos estudantes e o que ela tem de singular em relação às propostas para outros EREA’s?
Garé: Na verdade, nossa proposta de EREA tinha muitos argumentos fortes, que foram construídos justamente porque ninguém acreditava que um encontro em Ibitipoca pudesse ser válido para os estudantes. Pelo contrário, as pessoas acreditavam que queríamos levar um encontro pra Ibitipoca só porque lá é bonito!
A grande questão é que lá é um lugar lindo, porém com muitos problemas urbanísticos. Esse foi um dos nossos argumentos. Focamos muito na questão do impacto turístico, da consequente especulação imobiliária, das questões ambientais, de saneamento (ou falta dele), de organização social, de legislação urbana. Tudo isso é maquiado pela "beleza" de Ibitipoca. Só isso já dava muito pano pra manga. Nossa pesquisa foi vasta, inclusive!
Além disso, pretendíamos quebrar alguns paradigmas já incrustados nos encontros da FeNEA. O maior deles é o encontro fechado, escondido, isolado. Nossa maior crítica e que nos levou a afirmar ainda mais o que queríamos que era a vivência integral do espaço estudado. Outro grande mote do nosso encontro era a construção coletiva que foi um desafio muito grande, pois teríamos que começar o processo participativo tanto na comunidade de Ibitipoca, quanto junto às escolas da Regional Leste. São duas frentes completamente diferentes e igualmente difíceis de atingir. Tenho muito orgulho de dizer que, até agora, tivemos muito sucesso em tudo o que foi prometido na plenária de Vila Velha!

O THAU do Blog: Para a organização do XV EREA, a ComOrg Ibiti organizou o encontro “OOLAEMCASA,Outra Organização Livre para Encontros, ComOrgs e Centros Acadêmicos de Arquitetura”. Qual foi a importância deste e de outros encontros para a organização do XV EREA? Você acha que eles devem acontecer anualmente?
Garé: Esse evento foi inventado pela nossa ComOrg! Por uma necessidade de ter um momento a mais de reunião dos estudantes da regional. No final do ano passado, percebemos que um dos nossos maiores objetivos ainda não estava sendo atingido, que era a articulação das escolas da regional, não só para contribuírem no encontro, mas também para darem continuidade ao movimento, às discussões, na próxima gestão. Convidamos os estudantes que pudessem aparecer, nos reunimos em uma granja aqui em JF, e fizemos grupos de discussão e de trabalho tanto pra disseminar nossas ideias, quanto pra produzir material de divulgação e metodologia de abordagem. Foi bastante produtivo, bastante divertido e a partir daí conseguimos atingir mais pessoas. Deveria sim acontecer todo ano! Tem muito potencial! Os outros encontros foram os CoREA's, Conselhos de Entidades Estudantis, que já são obrigatórios pelo estatuto da FeNEA e que também serviram pra construir o nosso encontro e agregar mais pessoas.

O THAU do Blog: “O que aconteceria em Ibitipoca depois de um encontro de centenas de pessoas?” Esta frase ou, pelo menos o significado dela, está presente em várias publicações no blog do XV EREA e em várias redes sociais. Que medidas foram tomadas para diminuir o impacto do encontro no pequeno vilarejo de Ibitipoca e de que forma a ComOrg procura orientar os participantes, já que a maioria deles reside em cidades de médio e grande porte?
Garé: Sim, essa é nossa maior preocupação desde o início. Nossa maior responsabilidade diante da comunidade de Ibitipoca. É tanto que isso acabou virando tema também. Porque é muito recorrente, e isso me entristece muito, os estudantes de arquitetura não tratarem a cidade-EREA como uma cidade real, ou pior, tratarem como sempre tratam a cidade real: sem respeito e sem consciência de coletivo. O que fizemos foi ser extremamente transparentes, colocando nossas preocupações à mostra, bombardeando as pessoas de informação nesse sentido, focando o trabalho de divulgação todo nisso. E também abordamos pessoas-chave que pudessem divulgar nossas ideias. Uma das estratégias foi convocar os delegados com antecedência e começar a trabalhar isso com eles. Tivemos uma resposta sensacional dessa estratégia. Muitos delegados fizeram palestras em suas faculdades mostrando o EREA, mostrando nossas preocupações e eles trouxeram um feedback muito positivo. Esse trabalho ainda não parou! E nesse sentido, já aproveito pra agradecer a vocês este espaço!


O THAU do Blog: As atividades do EREA IBITIPOCA, baseadas na construção coletiva, terão a participação dos estudantes, ComOrg e da comunidade local nas várias oficinas, palestras, mesas e debates. Além disso, o encontro que será “aberto” poderá acontecer em vários locais da vila, não só no parque, mas em praças e nas ruas. Quais serão os benefícios deste sistema para os estudantes, moradores de Ibitipoca e para a própria ComOrg?
Garé: Esse formato de encontro tem dois objetivos: a vivência integral do espaço, dos seus problemas, das soluções, do modo de vida; e a interação entre as partes, que pode gerar um diálogo muito rico, uma troca de experiências bastante válida não só pros estudos e pra profissão, mas pra vida mesmo.

O THAU do Blog: Estamos em contagem regressiva e queremos saber: o que podemos esperar do EREA IBITIPOCA? Quais são as perspectivas em relação à produção e às intervenções que serão feitas durante o encontro?
Garé: Como um dos objetivos é impactar positivamente a Vila, estamos planejando intervenções físicas, como a construção de um parquinho pra crianças durante o encontro, vamos tentar a instalação de iluminação em alguns pontos, vamos promover oficinas de compostagem com as sobras da alimentação do encontro e pretendemos também promover uma oficina de soluções individuais de saneamento, entre muitas outras coisas. Por outro lado, a maioria das discussões das mesas, além de enriquecer os estudantes, foi pensada principalmente para gerar novas discussões na Vila, em relação a técnicas de bioconstrução, formas de organização política, legislação urbana e patrimônio cultural. E um produto que estamos buscando muito ferrenhamente é a revista do EREA, que pretende contar como foi todo o processo detalhadamente, contar como foram os dias do encontro, relatar o conteúdo das mesas, registrar as vivências e oficinas e o que mais a gente conseguir pensar, que vai se tornar um produto palpável do EREA, pra podermos provar que esse é um projeto sério, que pode dar muito retorno à sociedade e assim contribuir com as próximas ComOrg's e com os próximos encontros!

E ó: podem esperar um encontro realmente diferente de todos que já aconteceram! Estamos buscando a qualidade de atividades, de infraestrutura, de informação, desde o início. O cronograma está muito diversificado, muito rico, as pessoas estão se manifestando muito positivamente nas redes sociais, ou seja, vai vir muita gente empolgada, a fim de conhecer pessoas novas, de se encontrar, de aprender, de se divertir também, por que não, e, sou suspeita pra falar, mas acho que vai ser inesquecível! Quem perder vai sofrer, rs.! 

Muito obrigada, em nome da ComOrg, à equipe d'O Thau do Blog, por esse espaço, por essa visibilidade, agradeço a quem teve o interesse de ler! Esperamos vocês no EREA! Venham com gás, e com a mente aberta!


O Thau do Blog é que agradece esta oportunidade de saber um pouquinho mais sobre os EREA’s e compartilhar com nossos leitores.
E você? Quer saber mais sobre o EREA IBITIPOCA? Acesse: WWW.ereaibitipoca2012.org
Na página WWW.ibitipoca.tur.br você encontra mais informações sobre a história, eventos, roteiros e fotos da Vila Conceição do Ibitipoca.


Por Jéssica Rossone

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