quarta-feira, 18 de julho de 2012

Cidades cidades, utopias à parte: Cidade Linear

Um novo tipo de cidade, preocupado com o desafio da locomoção numa época em que o automóvel começa a se destacar entre os meios disponíveis. Crescimento indefinido da cidade e prevenção de congestionamentos. Um pensamento preocupado com o futuro.

Arturo Soria y Mata

Arturo Soria y Mata (1884-1920) foi um político, empresário e urbanista espanhol. Engenheiro especializado em trabalhos públicos, ocupou diversos cargos na administração da cidade Madri e desenvolveu a primeira linha de Tramways para a cidade em 1875 – sistema de linhas de transporte público comum e elevado e subterrâneo. Publicou artigos no jornal “El Progresso”, abordando a questão dos problemas urbanos municipais. A proposta da cidade linear aparece pela primeira vez num desses artigos. 

Desde a década de 1880, Soria y Mata acreditava que sua cidade poderia se estender pelo território se ligando a outras e até a diferentes países, em uma grande rede urbana. Algo que não está longe da realidade dos dias atuais.
Arturo desenvolveu o primeiro modelo teórico de plano urbano linear em 1892 defendendo a idéia de que a procedência dos males da época era a forma das cidades.
Ele defendeu seguintes princípios urbanísticos: “Do problema da locomoção derivam-se todos os demais da urbanização”; “a forma das cidades é o resultado fatal da estrutura da sociedade que as ocupa”; “onde não vive uma árvore tampouco pode viver um ser humano”.

A seu ver, na Cidade Linear tais inconvenientes não se verificam porque:Quando acontecesse o crescimento da cidade, a avenida central poderia se alongar indefinidamente. A área central sendo ilimitada manteria o equilíbrio da oferta e procura dos terrenos, impedindo a especulação imobiliária.”Os argumentos que ele utilizava para condenar a Cidade Circular eram os seguintes: “os terrenos centrais iriam ser muito caros, pela procura que iria ser maior que a oferta, haveria congestionamento no centro da cidade e
aconteceria marginalização da população que habitasse a periferia”.

Cidade Linear
 Com capacidade para 30 mil habitantes, na cidade linear cada faixa do solo é responsável por uma determinada função urbana. O desenho da cidade é como uma espinha central, com uma só via de 500 m de largura e comprimento indefinido, cortada por vias perpendiculares que dão acesso aos locais de habitação e de trabalho.  

Plano da Cidade Linear, arredores de Madri (1894)

Rua Principal da Cidade Linear
Perfil Transversal da rua principal da Cidade Linear

O formato da cidade linear está ligado em muitos aspectos à questão do transporte, pelo motivo da crescente importância do sistema viário no planejamento da cidade. Em sua concepção inicial, com Soria y Mata, esteve ligada ao movimento higienista e de igual maneira à questão dos bairros operários. Entre os projetos de plano linear, pode-se destacar o de 1929 para a cidade de Stalingrado, atual Volgogrado, e o de 1937 para Londres.

 
Plano de Londres, MARS. Plano geral. (1938)

A interpretação da cidade linear varia segundo cada um dos autores. Para Miliutin ela estava ligada ao sistema de produção industrial, Le Corbusier a utiliza para atingir maior liberdade formal e de igual maneira trabalhar livremente o sistema viário.


Desenvolvimento do Rio de Janeiro, Le Corbusier.
 
Lúcio Costa adota o partido linear no desenvolvimento do plano piloto de Brasília.

Plano Piloto de Brasília, Lúcio Costa (1955)
Lúcio Costa também utilizou o partido linear como um dos elementos do seu plano para a Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.

Um conceito amplamente difundido e que possibilitou uma inclusão cada vez maior dos transportes rodoviários nas cidades de todo o mundo. Uma utopia real e visível para quem quiser ver. E agora aqui estamos nós mais uma vez preocupados com o futuro de nossas cidades.

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Por Jéssica Rossone

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