quarta-feira, 11 de julho de 2012

Cidades cidades, utopias à parte: Vila Operária

Utopia. Civilização ideal, imaginária, fantástica. Futuro. Presente Paralelo. Lugar que não existe. Utopia. Lugar novo e puro. Sociedade perfeita.
O “utopismo” consiste na idéia de idealizar não apenas um lugar, mas uma vida, um futuro, ou qualquer outro tipo de coisa, numa visão fantasiosa e normalmente contrária ao mundo real. O utopismo é um modo absurdamente otimista de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas fossem.

Robert Owen

Londres ainda possuia estrutura urbana medieval, com ruas pequenas e região portuaria tumultuada com bairros operários superlotados. A atividade econômica estava em decadência e a população vivia em péssimas condições de vida. Antes de se tornar uma das figuras marcantes do socialismo europeu, Robert Owen viveu pessoalmente os problemas da nascente sociedade industrial. Desde os dez anos de idade trabalhava numa fábrica de algodão. Aos dezenove, dirigia uma fábrica de fiação em Manchester. Em 1798, um bom casamento permitiu que se tornasse proprietário da fábrica de New Lanark. 
Lá encontrou um terreno que lhe permitiu por em prática seus ideais.

 “De todos os lugares que vi, preferi esse para experimentar uma idéia que tenho há muito tempo.” (Robert Owen)

New Lanark era a maior fábrica de fiação de algodão do Reino Unido. Homens, mulheres e crianças, muitas com não mais que cinco e seis anos trabalhavam até 14 horas por dia, seis dias por semana, ganhando salários miseráveis e vivendo em condições muito precárias. Sem nenhuma atenção para a higiene, a proliferação de inúmeras doenças era favorecida. Para Owen, essa era uma situação que não poderia continuar. Defendia que os administradores deveriam assumir o papel de reformadores.
Owen construiu casas melhores para seus empregados, manteve as ruas limpas, construiu uma escola e ainda montou, em sua empresa, um armazém onde as mercadorias poderiam ser adquiridas a um preço mais justo. Reduziu a jornada de trabalho para dez horas diárias, proibiu a agressão a crianças e recusou-se a contratá-las com idade inferior a dez anos. Devem-se a Owen as primeiras escolas primárias da Inglaterra. Para ele, a educação era a chave de transformação do homem e da melhoria do rendimento individual. O local ficou conhecido como  Vila Operária.



A Vila Operária de New Lanark, Rober Owen (1809)
Em pouco tempo, New Lanark tornou-se um local de peregrinação para os reformadores sociais da Grã-Bretanha. Quanto a Owen, essa experiência permite-lhe dar um novo desenvolvimento a suas terorias, expostas numa série de obras:

* A New View of Society, or Essays on the Priciple of Formation of the human Character (1813);
* Report to the Country of Lanark (1816);
* The Book of the New Moral World (1836).

Nessas obras ele descreve seu modelo de estabelecimento ideal, higiênico, ordenado e criador: pequenas comunidades semi-rurais de 500 a 3.000 indivíduos, federadas entre si. Para ele, este modelo não deveria permanecer no papel e com a finalidade de torná-lo realidade, comprou 30.000 acres de terra em 1825 nos Estados Unidos e fundou a colônia de New Harmony. O empreendimento no Estado de Indiana o fez perder quatro quintos de sua fortuna, e ele então regressou para a Europa em 1828.

File:New harmony vision.jpg
Plano de New Harmony, Indiana, EUA (1825)


Em 1828, a fábrica de New Lanark foi vendida para a família Walker, que continuou a fabricar tecidos até 1881, quando a fábrica foi novamente vendida para a companhia Gourock Roperwork, a maior produtora do mundo, na época. Independentemente dos fatos, Owen continuou a promover suas ideias até sua morte, em 1858.



New Lanark atualmente
Atualmente, a Vila Operária de New Lanark é a prova de que o modelo de Owen introduziu um novo jeito de ver as coisas no local. New Lanark tem uma bela paisagem, propiciada pela intervenção da arquitetura que demonstra com vigor o idealismo de Robert Owen.

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Por Jéssica Rossone

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