Nesta postagem, serão apresentadas um pouco das características do elemento arquitetônico chamado Muxarabi. Trazido pelos portugueses, este fechamento em forma de treliças, normalmente em madeira, foi criado e bastante utilizado pelos árabes (com intuito inicial de evitar que os homens olhassem as mulheres em determinados locais). Suas funções principais são permitir ventilação e iluminação, bloquear calor e isolar ambientes internos da visão externa, mas promovendo contato visual contrário e criando sensação de intimidade.
A arquitetura colonial brasileira se utilizou amplamente deste elemento, sendo o muxarabi um das características mais marcantes desta época. É uma das mais persistentes influências da arquitetura árabe no nosso país, seja em guarda-corpos, janelas e divisórias, aproveitando a ideia de ver sem ser visto e aplicada em balcões fechados por treliças, chamadas também de urupemas.
Porém, não só a arquitetura colonial brasileira se utilizou desta técnica, mas o ocidente, nisto se inclui a arquitetura moderna, obviamente sofrendo releituras. No Brasil, Lina Bo Bardi aplicou o Muxarabi nas janelas de seu edifício do Sesc Pompéia, o que combinou muito bem com sua arquitetura diferenciada.
Na arquitetura, elementos ou idéias são adaptados ao clima, função, cultura ou são uma releitura, adequando-se às novas tecnologias. No caso do muxarabi, as novas utilizações são enfatizadas na filtragem da iluminação através de diafragmas de diversas formas e tamanhos, controlados por células fotossensíveis, apresentando a típica iluminação que se costuma ver na arquitetura islâmica. O cobogó é um elemento bastante conhecido na nossa cultura arquitetônica e que tem características e efeitos parecidos com o do muxarabi. Da treliça árabe, muitas idéias e releituras surgiram para a arquitetura ocidental, porém conservando o efeito e a essência primordial.
Por Carlos Eduardo Rocha