Queremos descobrir o EREA IBITIPOCA e compartilhar com você o que representa para nós o XV Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura.
Para nos ajudar nesta tarefa, convidamos a articuladora do movimento estudantil da Diretoria de Atividades da ComOrg do EREA IBITIPOCA, Gabriela de Morais, mais conhecida como Garé, estudante do 8º período do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF.
Além da Gabriela, 20 pessoas fazem parte da Comissão Organizadora do EREA IBITIPOCA. São elas: Aline Ofrante, Filipe Quaresma, Fabrício Zanoli, Bárbara Lopes, Marina Annes, Marina Franzini, Matheus Mello, Bruno Roberti, Beatriz Moreira, Isadora Abreu, Nuno Melo, Tássia Rocha, Isabela Canonico, Mariana Bedendo, Bruna Martins, Lucas Souzalima do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, a Raisa Chapinotti do Instituto de Artes e Design da UFJF e Cassio Freitas e Mariana Rebelatto do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora.
“Os Encontros de Arquitetura e Urbanismo são os maiores e mais conhecidos projetos da FeNEA, e abordam temas relativos a Arquitetura e Urbanismo, assim como seu ensino, pesquisa e extensão. Acontecem anualmente a nível nacional e regional e possuem como principal objetivo estreitar o contato entre os referidos estudantes e contribuir para sua formação enquanto cidadãos e profissionais, buscando além de tudo, articular os acadêmicos presentes a fim de fazer cumprir os objetivos principais a que a federação se propõe, estimulando o pensamento crítico de cada um para buscar melhores condições de ensino e lutar pelos seus direitos.” (http://www.ereaibitipoca2012.org/)
O THAU do Blog: Muitos estudantes ainda não entendem a dinâmica dos EREA’s. Qual a contribuição destes eventos para a formação acadêmica e como o estudante pode participar?
Garé: Os EREA's são realmente bastante incompreendidos. Aliás, nós, estudantes de ensino superior de uma forma geral, também somos. E na verdade, pouca gente se interessa em saber que a gente se esforça muito enfrentando muitos obstáculos pra tentar contribuir de alguma forma com a sociedade. Com os EREA's acontece o mesmo. Se a gente não parar pra entender o porquê deste projeto existir, só vai assimilar o pré-conceito.
Bem, a contribuição para a formação acadêmica do estudante é só um viés dos objetivos de um EREA. Na verdade ele contribui bem mais que isso. Vemos até mesmo dentro da academia, uma perda de conteúdo realista, de crítica sociopolítica, de entendimento contextual da sociedade atual e é claro que esta falha acaba afetando nossa produção acadêmica e, consequentemente, nossa produção profissional.
O EREA é uma das alternativas a esse espaço já fragmentado que se tornou a academia, falando de uma forma generalizada. Pois ele traz, num ambiente livre e atrativo, atividades que complementem nosso conhecimento não só de Arquitetura e Urbanismo, mas de mundo. Isso acontece com atividades culturais, práticas, lúdicas, acadêmicas e políticas. Não é só um aprendizado, é um momento de troca. Não tem professor ensinando e aluno aprendendo. Têm participantes contribuindo um com o outro. Essa experiência é enriquecedora pra quem se doa, pra quem tem vontade de percebê-la. É claro, partindo do que eu já mencionei sobre pré-conceito, existem pessoas que não aproveitam essa oportunidade, mas como o EREA é um ambiente livre, essas pessoas estão livres também para não aproveitar a oportunidade que lhes é dada! Mas eu acredito que qualquer pessoa leva pra casa uma contribuição, mesmo que seja inconsciente, até porque somente a interação com estudantes de outras escolas de arquitetura já nos leva a novas perspectivas.
Em geral, o EREA permite 4 dias de extensão universitária, de uma maneira mais intensa, explorando a fundo um tema. Algo que dificilmente teremos oportunidade de encontrar dentro da faculdade.
O THAU do Blog: Há um ano nossa Delegação apresentava a proposta “EREA Ibitipoca” no XIV EREA, em Vila Velha – ES. Por que a proposta obteve tanto sucesso e aprovação dos estudantes e o que ela tem de singular em relação às propostas para outros EREA’s?
Garé: Na verdade, nossa proposta de EREA tinha muitos argumentos fortes, que foram construídos justamente porque ninguém acreditava que um encontro em Ibitipoca pudesse ser válido para os estudantes. Pelo contrário, as pessoas acreditavam que queríamos levar um encontro pra Ibitipoca só porque lá é bonito!
A grande questão é que lá é um lugar lindo, porém com muitos problemas urbanísticos. Esse foi um dos nossos argumentos. Focamos muito na questão do impacto turístico, da consequente especulação imobiliária, das questões ambientais, de saneamento (ou falta dele), de organização social, de legislação urbana. Tudo isso é maquiado pela "beleza" de Ibitipoca. Só isso já dava muito pano pra manga. Nossa pesquisa foi vasta, inclusive!
Além disso, pretendíamos quebrar alguns paradigmas já incrustados nos encontros da FeNEA. O maior deles é o encontro fechado, escondido, isolado. Nossa maior crítica e que nos levou a afirmar ainda mais o que queríamos que era a vivência integral do espaço estudado. Outro grande mote do nosso encontro era a construção coletiva que foi um desafio muito grande, pois teríamos que começar o processo participativo tanto na comunidade de Ibitipoca, quanto junto às escolas da Regional Leste. São duas frentes completamente diferentes e igualmente difíceis de atingir. Tenho muito orgulho de dizer que, até agora, tivemos muito sucesso em tudo o que foi prometido na plenária de Vila Velha!
O THAU do Blog: Para a organização do XV EREA, a ComOrg Ibiti organizou o encontro “OOLAEMCASA,Outra Organização Livre para Encontros, ComOrgs e Centros Acadêmicos de Arquitetura”. Qual foi a importância deste e de outros encontros para a organização do XV EREA? Você acha que eles devem acontecer anualmente?
Garé: Esse evento foi inventado pela nossa ComOrg! Por uma necessidade de ter um momento a mais de reunião dos estudantes da regional. No final do ano passado, percebemos que um dos nossos maiores objetivos ainda não estava sendo atingido, que era a articulação das escolas da regional, não só para contribuírem no encontro, mas também para darem continuidade ao movimento, às discussões, na próxima gestão. Convidamos os estudantes que pudessem aparecer, nos reunimos em uma granja aqui em JF, e fizemos grupos de discussão e de trabalho tanto pra disseminar nossas ideias, quanto pra produzir material de divulgação e metodologia de abordagem. Foi bastante produtivo, bastante divertido e a partir daí conseguimos atingir mais pessoas. Deveria sim acontecer todo ano! Tem muito potencial! Os outros encontros foram os CoREA's, Conselhos de Entidades Estudantis, que já são obrigatórios pelo estatuto da FeNEA e que também serviram pra construir o nosso encontro e agregar mais pessoas.
O THAU do Blog: “O que aconteceria em Ibitipoca depois de um encontro de centenas de pessoas?” Esta frase ou, pelo menos o significado dela, está presente em várias publicações no blog do XV EREA e em várias redes sociais. Que medidas foram tomadas para diminuir o impacto do encontro no pequeno vilarejo de Ibitipoca e de que forma a ComOrg procura orientar os participantes, já que a maioria deles reside em cidades de médio e grande porte?
Garé: Sim, essa é nossa maior preocupação desde o início. Nossa maior responsabilidade diante da comunidade de Ibitipoca. É tanto que isso acabou virando tema também. Porque é muito recorrente, e isso me entristece muito, os estudantes de arquitetura não tratarem a cidade-EREA como uma cidade real, ou pior, tratarem como sempre tratam a cidade real: sem respeito e sem consciência de coletivo. O que fizemos foi ser extremamente transparentes, colocando nossas preocupações à mostra, bombardeando as pessoas de informação nesse sentido, focando o trabalho de divulgação todo nisso. E também abordamos pessoas-chave que pudessem divulgar nossas ideias. Uma das estratégias foi convocar os delegados com antecedência e começar a trabalhar isso com eles. Tivemos uma resposta sensacional dessa estratégia. Muitos delegados fizeram palestras em suas faculdades mostrando o EREA, mostrando nossas preocupações e eles trouxeram um feedback muito positivo. Esse trabalho ainda não parou! E nesse sentido, já aproveito pra agradecer a vocês este espaço!
O THAU do Blog: As atividades do EREA IBITIPOCA, baseadas na construção coletiva, terão a participação dos estudantes, ComOrg e da comunidade local nas várias oficinas, palestras, mesas e debates. Além disso, o encontro que será “aberto” poderá acontecer em vários locais da vila, não só no parque, mas em praças e nas ruas. Quais serão os benefícios deste sistema para os estudantes, moradores de Ibitipoca e para a própria ComOrg?
Garé: Esse formato de encontro tem dois objetivos: a vivência integral do espaço, dos seus problemas, das soluções, do modo de vida; e a interação entre as partes, que pode gerar um diálogo muito rico, uma troca de experiências bastante válida não só pros estudos e pra profissão, mas pra vida mesmo.
O THAU do Blog: Estamos em contagem regressiva e queremos saber: o que podemos esperar do EREA IBITIPOCA? Quais são as perspectivas em relação à produção e às intervenções que serão feitas durante o encontro?
Garé: Como um dos objetivos é impactar positivamente a Vila, estamos planejando intervenções físicas, como a construção de um parquinho pra crianças durante o encontro, vamos tentar a instalação de iluminação em alguns pontos, vamos promover oficinas de compostagem com as sobras da alimentação do encontro e pretendemos também promover uma oficina de soluções individuais de saneamento, entre muitas outras coisas. Por outro lado, a maioria das discussões das mesas, além de enriquecer os estudantes, foi pensada principalmente para gerar novas discussões na Vila, em relação a técnicas de bioconstrução, formas de organização política, legislação urbana e patrimônio cultural. E um produto que estamos buscando muito ferrenhamente é a revista do EREA, que pretende contar como foi todo o processo detalhadamente, contar como foram os dias do encontro, relatar o conteúdo das mesas, registrar as vivências e oficinas e o que mais a gente conseguir pensar, que vai se tornar um produto palpável do EREA, pra podermos provar que esse é um projeto sério, que pode dar muito retorno à sociedade e assim contribuir com as próximas ComOrg's e com os próximos encontros!
E ó: podem esperar um encontro realmente diferente de todos que já aconteceram! Estamos buscando a qualidade de atividades, de infraestrutura, de informação, desde o início. O cronograma está muito diversificado, muito rico, as pessoas estão se manifestando muito positivamente nas redes sociais, ou seja, vai vir muita gente empolgada, a fim de conhecer pessoas novas, de se encontrar, de aprender, de se divertir também, por que não, e, sou suspeita pra falar, mas acho que vai ser inesquecível! Quem perder vai sofrer, rs.!
Muito obrigada, em nome da ComOrg, à equipe d'O Thau do Blog, por esse espaço, por essa visibilidade, agradeço a quem teve o interesse de ler! Esperamos vocês no EREA! Venham com gás, e com a mente aberta!
O Thau do Blog é que agradece esta oportunidade de saber um pouquinho mais sobre os EREA’s e compartilhar com nossos leitores.
E você? Quer saber mais sobre o EREA IBITIPOCA? Acesse: WWW.ereaibitipoca2012.org
Na página WWW.ibitipoca.tur.br você encontra mais informações sobre a história, eventos, roteiros e fotos da Vila Conceição do Ibitipoca.
Por Jéssica Rossone