quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Importância da Preservação da Paisagem Cultural

Durante muito tempo, o conceito de preservação de patrimônio cultural se restringia apenas a bens materiais e imateriais isoladamente, sem levar em consideração o entorno e os aspectos culturais que compunham aquele conjunto.

Com o auxílio de textos e das cartas patrimoniais, este conceito se ampliou e a Paisagem Cultural ganhou grande destaque.

Segundo o texto de Luiz Fernando Almeida, que aborda sobre Paisagens brasileiras: “Paisagem Cultural  é um instrumento criado para promover a preservação ampla e territorial de porções singulares do Brasil.”

A proteção desta veio através da Chancela, regulamentada pela Portaria Iphan n°127/2009. É considerada um “selo de qualidade” fornecido à uma porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural. Esta representa uma inovação na maneira de trabalhar com o patrimônio cultural brasileiro.

Pode – se citar como exemplos: as relações entre o sertanejo e a caatinga, o candango e o cerrado, o boiadeiro e o pantanal, o gaúcho e os pampas, o pescador e os contextos navais tradicionais, o seringueiro e a floresta amazônica, dentre outros.

Brasília - DF/relação cerrado e intervenção humana
É importante ressaltar que Paisagem Cultural não é apenas aquela que possui importância histórica, mas também  a que atribui identidade e singularidade para determinada cidade ou região.

Lagoa Dourada - MG

Além da Chancela outros instrumentos podem ser utilizados para salvaguardar patrimônios culturais e consequentemente a paisagem que estão inseridos, como por exemplo os instrumentos urbanísticos: Planos Diretores, Zoneamentos, Zonas Especiais, Código de Posturas, Código de Obras.

Para entender melhor como estes instrumentos auxiliam na preservação realizamos uma entrevista com o Professor de Teoria I, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, Douglas Montes Barbosa.

A entrevista teve como tema o ZONEAMENTO e foi realizada por mim(Carla Bernardes) e pelo aluno Tales Medeiros.

Fizemos as seguintes perguntas:
1 – Qual a importância do zoneamento para a organização da cidade?
2 – Qual a importância do zoneamento para a preservação da paisagem
Cultural?
3 – Cite exemplos da atuação do zoneamento como meio  de preservação
Da paisagem cultural em Juiz de Fora ou em outra cidade?


Resposta da pergunta n°01 : Segundo o Professor, zoneamento tem a finalidade de organizar as atividades urbanas, através de critérios de uso e ocupação do solo.
Também tem o objetivo de definir como a cidade poderá ser edificada e ocupada, definir densidades urbanas através de: taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento.

Entende-se por densidades urbanas, áreas com usos específicos, como por exemplo: áreas comercias com critérios de ocupação diferentes de áreas residenciais. Assim como, zonas históricas, em que pode-se definir itens para que o novo objeto arquitetônico mantenha a ambiência histórica do conjunto.

Resposta da pergunta n° 02 e 03: Douglas cita como exemplo a cidade de Congonhas, sua cidade natal e onde atua como urbanista.
Segundo ele, o zoneamento tem a função de resguardar as características da paisagem, principalmente daquelas que possuem valor artístico e cultural.
Douglas afirma que em  Congonhas existe um perímetro relacionado com as visadas das igrejas Matriz e a Igreja da Basílica. A partir delas
são projetados cones visuais que definem o perímetro de ambiência histórica, que precisa ser preservado.
Por exemplo: todos os telhados daquela área deverão ter cor de telhados cerâmicos, com o objetivo de manter a uniformidade da cor e a harmonia do conjunto.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição/Congonhas - MG
Entorno das Igrejas/Congonhas - MG
Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos/Congonhas - MG
Em relação a Juiz de Fora, o professor pressupõe que não existe uma zona de interesse histórico e artístico na cidade, salvo algum engano, a legislação não apresenta nada sobre essa questão especificamente.

Segundo ele é uma cidade que possui uma herança modernista e um zoneamento ainda bastante fragmentado.
Afirma que o interessante seria criar zonas que tentassem retirar do centro da cidade a “pressão” imobiliária. Definindo regras mais flexíveis para o entorno da cidade, para facilitar a ocupação das mesmas.

Referências Bibliográficas

Texto - "Paisagem Cultural", Luiz Fernando de Almeida
Notas de Aula - Técnicas Retrospectivas - Prof.Mst. Mônica Olender
Colaboração do Graduando em Arquitetura e Urbanismo Tales Medeiros


Por Carla Bernardes

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