terça-feira, 26 de junho de 2012

Luis Ramiro Barragán Morfin

Luis Barragán nasceu na segunda maior cidade do México, Guadalajara, a 9 de março de 1902. Foi o segundo arquiteto agraciado com o Pritzker Prize, em 1980, e o único de seu país a receber o prêmio.
Um dos arquitetos mexicanos mais importantes do século XX, Barragán atuou com uma arquitetura considerada única, que mescla a ideologia do movimento moderno e o regionalismo tradicional mexicano.

Barragán viveu parte de sua infância, adolescência e início do período acadêmico durante a ditadura de Porfírio Díaz e a Revolução Mexicana. Passava as férias na fazenda serrana da família, no ambiente rural de Mazamitla, também no estado de Jalisco. Sua experiência rural viria a refletir-se na composição de sua “definição de um estilo mexicano universal”.

Ingressou na Escola Livre de Engenheiros de Guadalajara em 1919. Seu interesse por arquitetura teria nascido por influência do arquiteto Augustín Basave, seu professor. Graduou-se em 3 de dezembro de 1923. 

Entre 1924 e 1926, Barragán passou por vários países, como Espanha, França, Itália e Grécia e conheceu projetos arquitetônicos e urbanísticos da época. Em Paris, visitou a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industrais Modernas, um evento que popularizou o Art Déco e introduziu o público ao Estilo Internacional. Conheceu artistas importantes, entre eles, Le Corbusier e Picasso.

Após regressar à Guadalajara, trabalhou no escritório de seu irmão Juan Jose Barragán, também engenheiro, entre 1926 e 1936. Atuou reformando e projetando casas, com um estilo de influências da arquitetura mediterrânea e local, já aplicando o que viria se confirmar como seu estilo próprio em algumas dessas residências.

Em 1927 realizou seu primeiro trabalho, a reforma da Casa Robles León em Guadalajara. E a partir de 1928, projetou as redidências Casa Aguillar, Casa González Luna, Casa Gustavo Cristo e Casa Harper de Garibi, todas em Guadalajara.


Casa Robles León, Guadalajara, México (1927-28)



Casa de Aguilar, Guadalajara, México (1928)


Casa González Luna, Guadalajara, México (1929)

Casa Gustavo Cristo, Guadalajara, México (1930)

Casa Harper de Garibi, Guadalajara, México (1929-34)

Em 1931, viajou aos Estados Unidos e em 1932 fez sua segunda viagem à Europa, visitando também a África. Retornou ao México fez uma reforma na casa de sua família. Barragán reduziu os elementos à mínima abstração, retirou as ornamentações ecléticas e aproximou a casa das típicas construções rurais, fazendo aparecer em sua obra, pela primeira vez, o que viria a ser recorrente em sua produção.

Em 1934-35 trabalhou no Parque da Revolução e nas habitações unifamiliares de seu entorno.

Parque da Revolução, Guadalajara, México (1934-35)

Em 1936, mudou-se para Cidade do México, na busca de melhores horizontes profissionais. Grande parte de sua obra anterior a década de 1940, consistiu em habitações unifamiliares, jardins particulares, reformas de habitações e habitações multifamiliares. A partir de então, Barragán se lança em uma arquitetura de linguagem moderna, de cores vibrantes, texturas, contrastes, luz e sombra e seu encanto pelo paisagismo o conduz a uma arquitetura de entornos naturais, onde a água se torna um elemento presente.

 

 "Na arquitetura popular dos povos de qualquer parte do mundo vemos que é sempre bela e que resolve o problema da vida comunitária. O interessante seria analisar em que consistirão essas soluções tão boas. Para poder dar, na vida contemporânea, ao ser humano essas doses de sabor que lhe evitem a angústia das cidades modernas." (Luis Barragán)



Em 1940, Barragán adquiriu um amplo terreno na então chamada Calzada de los Madereros, onde projetou alguns jardins.
Pode ali trabalhar livremente, já que eram obras que não envolviam terceiros. Valorizando as espécies locais, Barragán introduziu uma visão modernista nas obras regionalistas. Destes jardins vendeu a maior parte, reservou para si somente um.

Jardim Calzada de los Madereros, Cidade do México (1940-43)


Em 1943, Barragán adquiriu terrenos em Tacubaya onde construiu a Casa Ortega. Posteriormente sua própria residência, anexa a um taller, construído em 1948, a Casa Ortega/Luis Barragán representa plenamente sua linguagem arquitetônica. É uma das obras arquitetônicas contemporâneas de maior transcendência no contexto internacional. Reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2004, é o único imóvel individual da América Latina a entrar na seleta lista. Atualmente abriga um museu e está disponível para visitações.

Casa Luis Barragán, Cidade do México (1947-48)


Porteria: local de espera e preparação dos sentidos



Vestíbulo: da penumbra à luz intensa
 
Estancia: sombra e movimento, ar e luz



Biblioteca

Taller
 
Patio de las ollas


Jardim
Confiante em seu trabalho, em 1945 Barragán decidiu atuar como empreendedor imobiliário e adquiriu terras no Pedregal de San Ángel, onde desenha o plano urbanístico e projetos de residências, junto com outros arquitetos. Apesar da qualidade arquitetônica, o empreendimento é um fracasso e leva Barragán a anos de dificuldades financeiras.

 
Jardines del Pedregal, Cidade do México (1945-54)

Barragán retorna a Guadalajara, em 1952, para construir a casa de seu amigo, Dr. Arriola. No mesmo ano, é contratado para a reconstrução de um convento em Tlálpan, no subúrbio da Cidade do Mexico, chamado Convento das Capuchinhas. Em 1955 desenvolveu para o Banco Internacional Imobiliário o residencial Jardines del Bosque, em Guadalajara e também os jardins do Hotal Pierre Marquez, em Acapulco.
Em 1955 projeto a Casa Gálvez; em 1958 Las Arboledas; em 1963, Los Clubes; todos na Cidade do México. Em 1964 e 1965 trabalhou com Juan Sordo Madaleno em um grande projeto da Capela de Lomas Verdes, que não chegou a finalizar. Em 1967, projetou Manzana de San Critóbal;  e em 1976 a Casa Gilardi, também na capital mexicana. Em 1979 projetou o Faro del Comercio para a cidade de Monterrey.
As Torres Satélite foram construídas em 1957, um conjunto de torres coloridas projetadas para um movimentado cruzamento na Cidade do México, juntamente com Mathias Goeritz.

Torres de la Ciudad Satélite, Cidade do México, México (1957-58)


Luis Barragán recebeu o Prêmio Nacional de Las Artes em 1976, no México e, no mesmo ano se tornou membro do Instituto Americano de Arquitetos. Em 1980, recebeu Prêmio Pritzker. Mais tarde, em 1984, tornou-se membro honorário da Academia e do Instituto Americano de Artes e Letras, em Nova York. Também em 1984 recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Guadalajara e em 1985 recebeu o Prêmio Anual de Arquitetura Jalisco.

Luis Barragán faleceu em 22 de novembro de 1988, em sua casa na Cidade do México.
  
                “Eu trabalho por observação e intuição, por leituras e por viagens.” (Luis Barragán)

“Quando começo um projeto, normalmente não toco em nenhum lápis, nem desenho. Eu me sento e trato de imaginar as coisas mais loucas. É um processo de loucura… Depois de imaginar, deixo que estas idéias se assentem na minha mente por vários dias. Depois volto a elas e começo a desenhar pequenos croquis em perspectivas. Não desenho em uma prancheta. Dou estes croquis a um estudante e começamos a desenhar as elevações e as plantas. Quase sempre fazemos maquetes de papelão para trabalhar e fazer mudanças contínuas. Traço quase sempre, mais de 10 alternativas. Então, coloco-as na parede e seleciono a que me parece mais atraente. Quando a obra inicia, faço os trabalhadores ampliarem as paredes, subi-las e baixá-las e, inclusive, suprimí-las. Eu acho que como os pintores podem mudar uma pintura completa, os arquitetos também devem fazer isso com o seu trabalho.” (Luis Barragán)

Por Jéssica Rossone

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