Algumas semanas atrás foi apresentado aqui no "O THAU DO BLOG" informações acerca do Treinamento Profissional " Mapeamento e Documentação da Nova Produção de Arquitetura da Cidade de Juiz de Fora/MG (1990-2011)", desenvolvido pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, tendo como responsável o Professor Antônio Agenor Barbosa e a equipe constituída por: Ana Luiza Delgado - atuante, Blenda Vianna - até final de 2012, Carla Bernardes - até início de 2013 e Ives Dotta - atuante.
Pode-seconferir esta postagem através do link: http://othaudoblog.blogspot.com.br/2013/12/mapeamento-e-documentacao-da-nova.html
Nesta pesquisa foram feitas entrevistas de vários escritórios de arquitetura, assim como construtoras e imobiliárias da cidade estudada. Foram abordados vários temas, dentre eles: A VERTICALIZAÇÃO que vem ocorrendo em Juiz de Fora.
Na postagem a seguir, foi elaborada uma síntese sobre a opinião dos Arquitetos e Construtores da Cidade de Juiz de Fora acerca deste Tema:
"A cidade é um espaço dinâmico que está em constante movimento. Em um contexto global de urbanização crescente e de transformações acentuadas no espaço das cidades, destacam-se os processos peculiares à dinâmica das grandes cidades brasileiras, que alteram substancialmente sua configuração, promovendo rupturas no tecido urbano consolidado e nas práticas de apropriação e uso desse espaço, comprometendo sua sustentabilidade." (SCUSSEL, Maria - 2010).
Segundo o Diretor Técnico da Construtora José Rocha Empreendimentos Imobiliários Ldta. :
"Para ocorrer a verticalização, deve-se haver uma infraestrutura que atenda a isso. Se os órgãos municipais aprovaram, é porque
existe um estudo para melhorar o fluxo de carros. A verticalização
tem credibilidade, contanto que seja bem feita e bem
projetada.”
Na foto acima, a Catedral da Cidade de Juiz de Fora encontra-se em destaque (década de 1930), já na foto abaixo (década de 2000) está escondida em meio à verticalização sofrida pela cidade.
Juiz de Fora irá cada vez mais se verticalizar, pois a expansão para sua periferia é muitas vezes inviável devido à sua topografia - uma cidade rodeada por morros. O centro encontra-se saturado, mas ainda continua sendo o local mais caro e mais procurado para se morar e construir.
Outros temas que dizem respeito sobre a Cidade de Juiz de Fora serão publicados aqui. Assim como, as opiniões dos principais Arquitetos e Construtoras da Cidade. Aguardem!
Agradecimentos aos Escritórios e Construtoras:
Arsenic Arquitetos Associados
Hérmanes Abreu
Arquitetônica
Skylab Arquitetos
Mascarenhas Arquitetos Associados
Construtora José Rocha Empreendimentos Imobiliários Ldta.
Texto: Ana Luiza Delgado e Ives Dotta - Graduandos em Arquitetura e Urbanismo/UFJF
Colaboração e publicação: Por Carla Bernardes
Imagem ilustrativa Fonte: Blog Henrique Branco |
Um
dos principais processos recorrentes dessa urbanização é a verticalização.
A verticalização implica a conjunção e a análise de muitos fatores que afetam o espaço público urbano. Alguns deles são mensuráveis, como o incremento de fluxos de pessoas e veículos nas vias, alteração do microclima local, eficiência energética, etc. Outros, relacionados à percepção humana, são essencialmente qualitativos. Nesse último grupo, inserem-se, por exemplo, as avaliações estéticas dos contrastes de altura, as sensações em função das proporções (principalmente comparações com a escala humana) e as sensações causadas por uma paisagem urbana de amplitude limitada.
A verticalização implica a conjunção e a análise de muitos fatores que afetam o espaço público urbano. Alguns deles são mensuráveis, como o incremento de fluxos de pessoas e veículos nas vias, alteração do microclima local, eficiência energética, etc. Outros, relacionados à percepção humana, são essencialmente qualitativos. Nesse último grupo, inserem-se, por exemplo, as avaliações estéticas dos contrastes de altura, as sensações em função das proporções (principalmente comparações com a escala humana) e as sensações causadas por uma paisagem urbana de amplitude limitada.
Segundo
Maria Adélia de Souza (1994), a verticalização urbana constitui-se numa
“especificidade da urbanização brasileira”, pois “em nenhum lugar do mundo o
fenômeno se apresenta como no Brasil, com o mesmo rítmo e com a mesma
destinação prioritária para a habitação”.
As reflexões e discussões sobre o tema são amplas e
variadas, e, por isso, decidiu-se buscar a opinião dos principais arquitetos e construtores
da cidade de Juiz de Fora. O intuito era o de se obter uma perspectiva mais técnica, em relação aos projetos que estão desenvolvendo na cidade e suas observações sobre o espaço
urbano atual.
Segundo o arquiteto Nikola Arsenic, do escritório Arsenic Arquitetos Associados:
"... a
verticalização de Juiz de Fora é resultado de sua 'Lei de Uso e Ocupação do
Solo'. É só observar o mapa de distribuição dos 'coeficientes de
aproveitamento' para se compreender esse 'fenômeno' local.
Mas,
a princípio, sou a favor da verticalização. Ela é racional e sustentável em
termos de uso de recursos disponíveis e distribuição de caros sistemas de
infraestrutura que abastecem e aliviam o corpo urbano. Cidades que pretendem
crescer precisam, de alguma forma, incluir a verticalização nos seus planos. Ou
seja, ela é inevitável! Poderia ter diferentes padrões e deveria certamente ser
melhor fiscalizada (porque frequentemente foge as leis...), mas como
manifestação arquitetônica tem sua razão e lógica, faz séculos. Então, acredito
que basta saber empregar as suas boas práticas."
De acordo com o Arquiteto Hérmanes Abreu:
"...a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Juiz de Fora permite essa verticalização. Percebe-se a tendência de se fazer prédios com muitos andares e finos, mas isto também, é resultado das características dos loteamentos da cidade, os terrenos aqui são compridos e estreitos. O preço desses terrenos também cresceu muito. Portanto para que o projeto seja viável financeiramente o terreno tem que abrigar vários apartamentos. É uma questão de viabilização.
O
perfil do morador de Juiz de Fora não mudou, não perdeu-se a concepção de 'morar no centro', isso também
influencia na verticalização e no
adensamento das áreas centrais da cidade."
O arquiteto Eduardo Felga, do escritório Arquitetônica, fala o seguinte:
“Sou a favor da verticalização, claro que com estudo da infraestrutura, impactos no entorno
etc.
Sou crítico a vários pontos
do código de obras de JF. Um dos pontos
é a fórmula de gabarito, ela simplesmente não traz nenhum benefício na qualidade do espaço no que diz
respeito à vizinhança, cria- se um
enorme afastamento da testada do lote e permite encostar em uma das laterais ou um afastamento mínimo
da outra lateral e dos fundos. A
vizinhança, imediatamente o entorno, sofre grandes consequências com este tipo de implantação.”
Segundo Guilherme Ferreira, do escritório Skylab Arquitetos:
"... a verticalização muitas vezes é necessária. Juiz
de Fora tem o grande problema do relevo,
e tudo se concentrou no vale (centro da cidade, por onde passa o rio) – única área plana que existe, e, mesmo assim,
agora já verticalizado. Muitas vezes a
verticalização ajuda, quando pensada e planejada
antes. Entretanto, o que está acontecendo em Juiz de Fora não é saudável para a cidade, e é muito
difícil lutar contra, já que todos têm
o direito de morar. A maneira de controlar essa situação é com o plano urbano – tentar expandir, criar
outros centros urbanos, outras áreas
habitáveis nas quais as pessoas tenham vontade de morar e não precisem ir para o centro da cidade suprir as
suas necessidades. As construtoras
e empreendedores querem resultado: construindo edifícios longe do centro da cidade, não haverão
compradores. Para resolver essa
situação é um esforço além do que os arquitetos podem fazer, já que não são eles que ditam o local
onde será executada a construção. Talvez
o arquiteto possa ajudar a melhorar a questão do plano urbanístico da cidade, mas é um estudo muito grande a ser feito."
Para Rogério Mascarenhas Aguiar,
do escritório Mascarenhas Arquitetos Associados:
"... a verticalização é muito positiva, na medida em que se utiliza melhor o solo urbano.
Mas há limites. Não se pode fazer um
prédio de vinte e dois andares em uma rua de apenas seis metros de largura. Isso gera um impacto no
trânsito que não é estudado. Uma cidade
mais compacta é muito mais sustentável do que uma cidade espalhada, já que as demandas (rede de
esgoto, asfalto, fiação elétrica,ocupação
de território, etc.) e impactos ambientais são muito menores."
Juiz de Fora década de 30 Fonte: Site Juiz de Fora para sempre
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Juiz de Fora década de 200 Fonte: Site Juiz de Fora para sempre |