terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cidades do Amanhã


“Poucos dos que lêem estas páginas sequer concebem o que são estes pestilentos viveiros humanos, onde dezenas de milhares de pessoas se amontoam em meio a horrores que nos trazem à mente que ouvimos sobre a travessia do Atlântico por um navio negreiro. Para chegarmos até ela é preciso entrar por pátios que exalam gases fétidos, vindo das poças de esgoto e dejetos espalhados por toda parte e que amiúde escorrem sobre os nossos pés: pátios, muitos deles, onde o sol jamais penetra, alguns sequer visitados por um sopro de ar fresco, e que raramente conhecem as virtudes de uma gota d’água purificante. É preciso subir por escadas apodrecidas, que ameaçam ceder a cada degrau e, em alguns casos, já ruíram de todo, com buracos que põem em risco os membros e a vida do incauto. Acha-se o caminho às apalpadelas, ao longo de passagens escuras e imundas, fervilhantes de vermes. E então, forem rechaçados pelo fedor intolerável, poderá os senhores penetrar nos pardieiros onde esses milhares de seres, que pertencem, como nós, a raça pelo qual Cristo morreu, vivem amontoados como reses.”


HALL, Peter. Cidades do Amanhã. Uma história intelectual do planejamento e do projeto urbanos no século XX. São Paulo, Editora Perspectiva, 1ª edição , 1995 pág. 19.

Nesta história do planejamento urbano no século XX, Peter Hall - não só um conhecido teórico americano, mas um criador de projetos inovadores - traça um panorama abrangente e detalhado, levando-nos dos inquietantes cortiços londrinos do século XIX à solidão geométrica de Brasília, passando por Nova York e Chicago, Nova Delhi e Paris, da utopia à depredação. A partir de projetos históricos ou abandonados - assim como obras literárias e artigos de jornais -, o autor rastreia de maneira instigante os sonhos e pesadelos que integram hoje o cotidiano das grandes cidades.

O Thau do Blog indica este livro para quem deseja entender melhor a teoria e história da aqruitetura tendo como ponto de partida a cidade.

Por Jéssica Rossone

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