O balanço da produção arquitetônica no Brasil não seria completo se não fossem ouvidos alguns dos principais pensadores desse setor. A PROJETODESIGN elaborou cinco perguntas e as submeteu a dez críticos de arquitetura baseados em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Brasília e Recife. Dentre eles, nove são arquitetos e professores universitários de diferentes instituições de ensino, públicas e privadas (a única exceção é André Corrêa do Lago, que tem formação em economia).
As questões propostas aos críticos foram as seguintes:
1. Qual o principal projeto de arquitetura concluído no Brasil na última década? Por quê?
2. Podemos apontar uma corrente arquitetônica iniciada ou desenvolvida no país nesse período?
3. Qual é o significado atual da arquitetura brasileira?
4. Em relação à década anterior, houve avanço ou retrocesso na arquitetura brasileira?
5. Quais os principais protagonistas da arquitetura brasileira nesse período? Há um grande nome e uma revelação da década?
Abílio Guerra
Editor do portal Vitruvius e da editora Romano Guerra.
Professor da FAU/Mackenzie.
1. A série de hospitais da Rede Sarah [de João Filgueiras Lima] constitui o principal fato da arquitetura brasileira na última década. Totalmente sintonizados com o debate internacional sobre a sustentabilidade, os projetos também podem ser vistos como evolução natural de preocupações anteriores do arquiteto (conforto térmicoambiental, industrialização da construção, papel social da arquitetura etc.).
2. Não creio que tenha surgido uma corrente nova, com questões próprias, específicas. Contudo, é flagrante a presença de uma geração mais jovem, muito ativa em concursos nacionais de arquitetura, menos apegada à tradição brasileira e com os olhos voltados para a cena internacional (novas geometrias, uso de “peles”, edificação mais engastada no território e outros elementos do repertório contemporâneo globalizado). Vale salientar também que na última década tivemos um adensamento muito expressivo de trabalhos qualificados de renovação de edifícios antigos, que se transformou em uma das áreas mais positivas da atuação do arquiteto brasileiro. Dentre os vários exemplos disponíveis, destaque especial para o escritório Brasil Arquitetura (Centro Cultural KKKK, em Registro, SP; Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; e Museu do Pão, em Ilópolis, RS), Paulo Mendes da Rocha (Museu das Minas e do Metal, em Belo Horizonte, e Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, este em associação com Pedro Mendes da Rocha), Miguel Juliano (novo Hotel Jaraguá), Pedro Paulo de Melo Saraiva (Mercado Municipal de São Paulo) e Mauro Munhoz (Museu do Futebol).
3. As transformações rápidas pelas quais tem passado o país nos anos recentes - desenvolvimento econômico, inserção de novas camadas sociais no mercado de consumo, retorno do Estado promotor, protagonismo do Brasil no contexto internacional, sede dos dois principais eventos esportivos proximamente etc. - criaram uma nova agenda para a arquitetura e o urbanismo. Os investimentos nas áreas de educação, saúde, esportes e infraestrutura, que seguramente aumentarão nos anos próximos, já começam a dar seus primeiros frutos, com a ampliação dos sistemas metroviário, ferroviário e aeroportuário, modernização na infraestrutura de transporte público urbano, renovação e construção de estádios, ampliação das redes de escolas, hospitais e equipamentos culturais.
4. Ao menos um elemento pode ser entendido como um avanço flagrante: a ampliação do intercâmbio internacional. Nos últimos dez anos, vários arquitetos brasileiros - projetistas, críticos, acadêmicos, administradores etc. - foram constantemente convidados para participar, nos Estados Unidos, Europa e América Latina, de bienais, seminários, cursos universitários, concursos, exposições e outras atividades acadêmicas, culturais e profissionais, fenômeno que confirma o interesse crescente e a confiança depositada em nossa arquitetura. Outro dado positivo é que a hegemonia de São Paulo nas últimas duas décadas vem sendo equilibrada pelo ressurgimento do Rio de Janeiro no panorama arquitetônico após os Jogos Pan- Americanos e pela consolidação de outros pólos de produção, com a presença de arquitetos qualificados atuando em outros Estados, especialmente em Minas Gerais, Paraná, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Sobre este último, vale destacar dois outros fenômenos de reverberação internacional e de extrema importância na evolução cultural da região: a construção e inauguração da Fundação Iberê Camargo, projetada por Álvaro Siza, e a consolidação da Bienal do Mercosul.
5. Ao vencer o Prêmio Pritzker em 2006 e abrir as portas para encomendas vindas do exterior (Espanha e Portugal), Paulo Mendes da Rocha transformou- se no grande protagonista da década. Prefiro omitir opinião sobre revelações, mas gostaria de destacar a consolidação da carreira de uma geração de arquitetos paulistas que está chegando aos 50 anos, todos eles ganhadores de concursos e/ou autores de obras significativas: Mario Biselli, Mario Figueroa, Lucas Fehr, Angelo Bucci, Fernando de Mello Franco, Milton Braga, Marta Moreira, Álvaro Puntoni, Luciano Margotto Soares e diversos outros que se encontrarem na mesma faixa etária.
Alberto Xavier
Professor das faculdades Belas Artes e São Judas Tadeu, em São Paulo. Organizador do livro Arquitetura moderna no Brasil: depoimentos de uma geração (Cosac Naify, 2003).
1. Enquanto o período moderno que precedeu os anos 1960 registrou obras de repercussão internacional, a ditadura militar instaurada, cerceando o debate em todas as instâncias, debilitou nossa produção arquitetônica por um longo período, lentamente superado. Dentre os trabalhos importantes que surgiram neste último decênio destaco o Centro de Reabilitação Sarah, no Rio de Janeiro, exemplar que coroa o trabalho extremamente qualificado de João Filgueiras Lima (Lelé), com sua família de escolas e hospitais, criada há 25 anos e ininterruptamente aprimorada. Produção caracterizada pela renovação da técnica, pelo compromisso com a economia, pelo diálogo com a natureza, pela elegância da forma, pelo rigor com as funções, pela riqueza dos espaços, pelo respeito, enfim, às exigências essenciais - físicas e psicológicas - do homem contemporâneo.
2. Considero esse período uma continuidade do anterior - a última década do século 20. Se, com a redemocratização, nos anos 1980, houve um breve e pouco consequente aceno ao pós-moderno, ocorreu uma reação com a retomada dos princípios básicos da arquitetura moderna brasileira. Contribuíram para a construção desse quadro algumas gerações de arquitetos. Não só nomes consagrados em décadas anteriores - nascidos nos anos 1930 e 1940, com exceção de Oscar Niemeyer, à frente com seus 103 anos -, como um amplo grupo de jovens discípulos, formados a partir dos anos 1980 e em parte estabelecidos fora do eixo Rio-São Paulo. Não constituem necessariamente um pensamento homogêneo e muitos respondem por obras de pequeno porte, hoje já documentadas em livros e revistas.
3. Seu significado pode ser medido pelo reconhecimento da crítica estrangeira, após algumas décadas de franca marginalidade. Comprovam- no sua presença em edições de revistas e livros (em particular europeus), a demanda (ainda tímida) de projetos confiados a alguns de nossos principais arquitetos e, especialmente, o Pritzker atribuído a Paulo Mendes da Rocha. O prêmio transcende o reconhecimento do valor de sua obra - trata- se do reconhecimento do valor da própria arquitetura brasileira.
4. Nem avanço, nem retrocesso, e sim continuidade. Seja no que respeita às obras mais significativas - em boa parte responsabilidade dos mesmos arquitetos -, seja quanto à natureza dos programas solicitados. Por outro lado, persistiu a face cruel da degradação urbana, com a ausência de iniciativas públicas compatíveis com a escala de nossas carências, especialmente as relacionadas a saúde, educação, habitação e transporte. Houve, no entanto, nesses campos, experiências que merecem citação, como a continuidade dos projetos hospitalares de Lelé, a produção de edifícios escolares de jovens arquitetos paulistas (em particular os conjuntos dos CEUs) e o programa carioca Favela-Bairro. Por outro lado, o metrô paulistano prosseguiu a passos lentos, muito aquém da demanda e com estações que ficam a dever às da primeira linha, obra consistente e vigorosa de Marcello Fragelli e equipe, concebida há mais de 40 anos.
5. Reconheço na produção brasileira um grupo de jovens dotados de talento e criatividade. No entanto, não vejo sentido em identificar “o” representante da década e creio não interessar procurarmos um Oscar Niemeyer entre os jovens. Afinal, a atividade criadora em arquitetura não é produto exclusivo de algumas mentes privilegiadas. É um fenômeno coletivo, resultado da contribuição de uma gama significativa de profissionais. Especialmente nas últimas décadas, com o ingresso cada vez maior de novos arquitetos na corrente produtiva.
André Aranha Corrêa do Lago
Diplomata e crítico de arquitetura, membro do Comitê de Arquitetura e Design do Museu de Arte Moderna da Nova York.
1. A casa em Carapicuíba [de Angelo Bucci e Álvaro Puntoni] é um dos projetos que mais me impressionaram nos últimos dez anos. Confrontados com um terreno dificilíssimo, os arquitetos optaram por uma planta de grande complexidade, com soluções surpreendentes, imensa riqueza estrutural e coerência formal. O projeto lembra uma incompreensível fórmula matemática que resolve um problema aparentemente insolúvel de maneira extraordinariamente clara. Há poucos projetos dessa complexidade e sofisticação no Brasil e no exterior.
2. Devemos estar num processo de transição, graças a vários fatores positivos que se acumularam desde os anos 1980. Mas não creio que seja necessário procurarmos apontar uma “corrente arquitetônica no país”. As características do Brasil são tão variadas, dependendo da região, contexto histórico ou cidade, e existe hoje uma tal riqueza de tendências na arquitetura mundial, que a direção para a nossa arquitetura deveria ser muito mais no sentido da diversidade do que no da insistência em uma “arquitetura nacional”. Há grandes desafios e oportunidades que ainda não foram abordados de forma consistente no país. Há, na realidade, pouca variedade na arquitetura de qualidade no Brasil pela grande fidelidade às tradicionais linhagens. Há espaço para muito mais. A situação atual é similar à hipótese de que a música brasileira só poderia ser bossa nova. Não: pode ser rock, chorinho, jazz etc.
3. O significado da arquitetura brasileira, nesse contexto, deveria ser buscado nas respostas que não trouxe até hoje em áreas como boa construção social ou edifícios corporativos de qualidade. Nunca houve tanto dinheiro no Brasil e a arquitetura não reflete isso. As construções parecem demonstrar que o enriquecimento do país se dá sem elevação do padrão cultural. Por que o setor privado, por exemplo, até hoje não conseguiu preencher o vácuo deixado pelo poder público como motor da arquitetura de qualidade no Brasil? Talvez por esse vácuo indiscutível foram tão presentes e divulgadas as arquiteturas residencial e comercial de qualidade na última década. Essas realmente se fortaleceram, vencendo os decoradores que tinham tomado o poder na década de 1980. Esses arquitetos contribuíram, igualmente, para um retorno à substância da nossa tradição dos anos 1940 a 1960: uma verdadeira arquitetura, e não apenas um estilo.
4. Houve grandes avanços, um dos quais o reconhecimento de que a arquitetura residencial e comercial merecia mais crédito. Outro avanço foi a aceitação - longe de consensual, no entanto - de que arquitetos estrangeiros podiam atuar de forma construtiva no país. O excepcional museu de Álvaro Siza em Porto Alegre - projeto particularmente significativo por ser privado - e os belos projetos de Diller Scofidio + Renfro (Rio) e Herzog & De Meuron (São Paulo) não ameaçam em nada a “nossa” arquitetura. Ao contrário, introduzem um fator que teve papel essencial em elevar o padrão e a diversidade da arquitetura de países como Espanha e Portugal. Ambos tinham muito menos tradição do que o Brasil em matéria de arquitetura moderna e hoje encantam o mundo com belíssimos projetos tanto de estrangeiros tanto de arquitetos locais.
5 - Os dois Pritzkers brasileiros mostraram surpreendente dinamismo: Niemeyer produziu nesses dez anos pelo menos uma obra-prima, o Auditório do Ibirapuera, e Paulo Mendes da Rocha realizou diversos trabalhos de grande qualidade. O terceiro Pritzker para um brasileiro deveria ser para Lelé, que continua a ser imensamente consistente, produtivo e modesto. Nas gerações mais recentes há indícios de que cresce a tendência à diversidade. Paulo Henrique Paranhos, Isay Weinfeld, Marcio Kogan, Bernardes e Jacobsen, os escritórios Una, MMBB, SPBR, Grupo SP, Triptyque e alguns outros nos lembram que existem clientes dispostos a investir em inovação e qualidade. A obra desses arquitetos é a prova, também, do quanto é difícil o salto para projetos de maior porte. A grande revelação da década é a imensa e constante qualidade das obras de Angelo Bucci e Álvaro Puntoni.
Carlos Eduardo Dias Comas
Crítico, professor da UFRGS e coordenador do Docomomo Brasil.
1. O museu da Fundação Iberê Camargo, de Álvaro Siza, ou a assimilação da nossa tradição moderna por um dos grandes nomes da arquitetura contemporânea. Nossa, no caso, se refere ao Brasil mesmo, e desculpem os nomes de sempre, o cânone, fazer o quê? Não se inventa arquitetura a cada segunda-feira, já dizia Mies. Moderna, no caso, reporta-se à forma mesmo, enquanto arquitetura contemporânea se refere exclusivamente a realizações formais feitas num presente ampliado, digamos, a década que passa. Tradição moderna é expressão abrangente, não se limita ao país, tem valor global e, considerada vigente, implica por definição, ao contrário de arquitetura contemporânea (ou moderna no seu sentido estritamente temporal), um fenômeno de larga duração, que se articula diversamente com diferentes conjuntos de realizações formais, sucessivos ou sincrônicos, mas de duração relativamente curta. Obviamente, nem toda arquitetura contemporânea se inscreve numa tradição moderna, mas a de Siza o faz e é exemplar.
2. Não falaria em corrente, mas destacaria quatro fenômenos. Primeiro, a aceitação plena da tradição moderna em geral e em particular por parte dos arquitetos de produção mais instigante, minoria entre uma massa francamente subordinada à lógica do mercado e hostil a essa tradição. O pós-modernismo populista e militante continua gozando da melhor saúde nas nossas plagas. Segundo, a importância assumida pelos programas de reciclagem, edifícios de apartamentos diferenciados e escolas com elementos pré-fabricados como catalisadores de soluções arquitetônicas e urbanísticas atraentes. Terceiro, a importância potencial do projeto de exposições, quer em termos de conteúdo curatorial, quer em termos de forma. Em ambos os sentidos, a 29ª Bienal me parece estimulante. Quarto, o interesse de escritórios estrangeiros de primeira linha no país, que pode trazer resultados positivos, como no caso de Siza, ou questionáveis, como no caso de Jean Nouvel e a filial carioca do Guggenheim.
3. Infelizmente, produto de exceção. Toda sociedade tem a arquitetura que merece, urbanismo incluído. Há coisa menos favorável à arquitetura que encomendas públicas à base da licitação por menor preço? Ou concursos em que a soberania do júri implica o desrespeito por princípio tácito ao edital? A regra é a oposição entre o delírio gratuito e a submissão abjeta aos ditames do mercado, afinal farinha do mesmo saco, em vez de buscar um realismo imaginativo, em que a invenção transforma o problema em oportunidade, como faz Siza com o terreno em Porto Alegre ou Paulo Mendes da Rocha com o projeto da candidatura de São Paulo aos Jogos Olímpicos.
4. A qualidade média continua fraca, mas há abertura para projetos mais sofisticados nas grandes capitais brasileiras, como mostra a própria lista de projetos ou a seleção feita para a Bienal de Arquitetura e Urbanismo Ibero-Americana em Medellín. E o episódio da praça da Soberania não deixa de ser animador - a reação, é claro. Por outro lado, pensando prospectivamente, está na hora de reiterar não só a reivindicação da articulação da arquitetura com o projeto de infraestrutura da cidade, como a relevância de pensar a reciclagem do nosso patrimônio moderno, aqui entendido tanto enquanto forma como enquanto tempo preciso: 1930/70.
5. Fazer o quê? Paulinho e Oscar, sem dúvida, e Lelé, também, lamentando a saída de cena do Joaquim [Guedes]. Não há um só grande nome, nem uma revelação, mas a consolidação de nomes em diferentes gerações.
Fernando Diniz Moreira
Arquiteto pela UFPE doutor em arquitetura pela Universidade da Pensilvânia (EUA), professor da FAU/ UFPE e diretor geral do Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada.
1. O museu da Fundação Iberê Camargo. Esse edifício é importante porque nele Álvaro Siza resolveu brilhantemente os maiores desafios em projetos de museus na atualidade. Como importantes marcos e instrumentos na atração de recursos, os grandes museus revelam-se, muitas vezes, objetos estranhos ao lugar em que foram inseridos. Além disso, suas marcantes expressões arquitetônicas parecem não deixar espaço para a contemplação das obras de arte ali expostas. Siza demonstra uma sensível interpretação do contexto, transformando as restrições em potencialidades. O caráter hermético da construção, a geometria fraturada, o revestimento em concreto bruto, as formas brancas e suas aberturas peculiares encontram no contexto suas razões. O complexo esquema de circulação, formado por passarelas que se projetam para fora do edifício, constitui um nítido rebatimento das linhas topográficas do terreno. No exterior, o vazio criado entre as linhas curvas do volume e as passarelas gera interessantes efeitos de luz e sombra. Internamente, esse jogo de percursos permite a integração visual dos espaços. Siza perfura as passarelas com diferentes aberturas em pontos específicos do percurso; estas atraem o visitante e fazem da própria paisagem uma obra de arte a ser contemplada. Ao distinguir os espaços de circulação e de exposição, Siza resolve o conflito entre a dimensão introspectiva para a contemplação da obra de arte e a expressividade arquitetônica requerida pelo edifício.
2. Nossa experiência moderna, particularmente aquela paulistana dos anos 1960, foi recuperada de forma mais autônoma e criativa, com novos materiais, programas e tecnologias, abrindo caminhos de investigação. Acredito que nenhuma nova corrente tenha sido iniciada nos ultimos dez anos, mas houve um amadurecimento e uma consolidação de temas gestados na década anterior. Há uma clara preferência por formas abstratas, pela simplicidade, pela exploração de contrastes e de superfícies, além da inventividade para trabalhar com limitações financeiras e tecnológicas.
3. Prefiro responder esta questão daqui a alguns anos, quando avaliarmos as respostas a três grandes desafios: como fazer uma arquitetura sustentável sem recorrer apenas a tecnicalidades periféricas, mas incorporando esses novos valores à prática arquitetônica de forma mais ampla, inclusive recorrendo a nossa herança moderna; como encontrar um futuro para o enorme estoque construído ao longo do século 20, inserindo novos usos, requalificando-o, mas procurando manter suas características; e como organizar e dar um sentido a todas as infraestruturas de transportes que nossas cidades deverão receber no novo ciclo de crescimento.
4. Avanços. A arquitetura da década mostrou maior atenção ao caráter tectônico, à junção e à articulação dos materiais, e maior investigação sobre as superfícies, sua fabricação e seu papel na proteção contra o calor e a luz. Existiu também maior comprometimento com o lugar, com a inserção de edifícios no contexto urbano e na paisagem, de forma mais criativa. Ocorreram ainda avanços na conservação, recuperação e reciclagem de estruturas históricas. Por fim, ainda que tímida, houve uma atenção para a questão da sustentabilidade. Evidentemente, estamos falando de uma pequena parcela de nossa arquitetura, aquela mais erudita. Não sou otimista em relação à arquitetura que vem sendo feita no dia a dia das cidades.
5. Consolidaram-se grupos de arquitetos paulistas que já vinham florescendo desde a década passada, como Brasil Arquitetura, Kogan, MMBB, Puntoni, Andrade Morettin, Una e Nitsche. Belo Horizonte também tem se firmado como um centro de renovação por meio do instigante trabalho de escritórios como Arquitetos Associados e Vazio. Em outras regiões do país, destacaria os trabalhos de Roberto Moita (AM), Roberto Montezuma (PE) e Paulo Henrique Paranhos (DF).
Guilherme Wisnik
Professor da Escola da Cidade, autor de Lucio Costa (Cosac Naify, 2001) e Estado crítico: à deriva nas cidades (Publifolha, 2009). Curador de um projeto nacional de arte urbana pelo Itaú Cultural.
1. Na minha opinião é o CEU [Centro de Educação Unificado, em São Paulo], devido a um somatório de fatores: a qualidade arquitetônica, a relevância social, o significado urbano, as concepções ética e educacional embutidas, e o fato de ter sido pensado e executado como um sistema com escala compatível à de uma metrópole como São Paulo.
2. Não vejo.
3. Mais do que saber combinar o brisesoleil ao cobogó, os nossos arquitetos hoje dão mostra de inteligência quando - como no caso do MMBB em 2007, na Bienal de Roterdã - vencem um prêmio internacional dedicado a propostas para a cidade contemporânea pensando em equipamentos como os piscinões, e articulandoos aos caminhos de águas da cidade, e uma desejada rede capilar de espaços públicos.
4. Parece-me que o que se deu foi um desdobramento de tendências surgidas na década anterior. Ao menos essa é a sensação que temos lendo a revista PROJETO DESIGN de dez anos atrás. O Prêmio Pritz-ker dado a Paulo Mendes da Rocha em 2006 representa a consagração daquela tendência, e, ao mesmo tempo, serve também de enorme incentivo para um avanço da nossa arquitetura, na medida em que nos coloca diante de parâmetros de avaliação internacionais, não só trazendo mais atenção para a produção arquitetônica brasileira, como também puxando-a na direção de uma necessária desprovincianização de valores. Contudo, vivemos uma situação paradoxal. Por um lado, com a reconfiguração geopolítica mundial, o Brasil passou a ser, de certa forma, uma vedete. Com isso, não apenas os estrangeiros estão interessados culturalmente pelo país, como querem também atuar economicamente aqui. Todos sabem que teremos no Brasil grandes obras de edificação e de infraestrutura nos próximos anos. No entanto, deixando de lado a grave questão da corrupção e da falta de transparência e legitimidade na escolha dos escritórios que vão realizar essas obras, é preciso reconhecer que, diante da nova realidade das megaobras globais - em que a arquitetura se tornou uma marca com poder publicitário e econômico de grande monta -, os escritórios nacionais praticamente não têm como assumir tais encomendas. O problema não é exatamente o fato de estarmos defasados tecnologicamente. A questão é também de escala. Diante do atual padrão blockbuster de projeto/construção, parece que os nossos escritórios estão condenados a trabalhos de joalheria artesanal. Como diz Rem Koolhaas, a profissão de arquiteto é uma mistura esquizofrênica de onipotência e impotência. Só que para nós, ultimamente, é a segunda que tem dado o tom. Mas como diz também o mesmo Koolhaas, o arquiteto é um dos profissionais que mais “gosta” de se lamentar, e eu concordo com ele que essa lamúria não é muito produtiva. Portanto, retomando o exemplo positivo do CEU, podemos notar que o seu sucesso não apenas pressionou os outros órgãos públicos (como a Fundação para o Desenvolvimento da Educação) a melhorar a qualidade arquitetônica dos seus projetos, como também impulsionou um expressivo avanço quantitativo de obras escolares na década, das quais fazem parte também as novas universidades federais (Unifesp). Note-se que no quesito escolas, na enquete da década passada tínhamos apenas edifícios privados.
5. Não estamos em um momento revolucionário, mas de estabilização da linguagem, o que aumenta a qualidade do nível médio em detrimento dos desempenhos excepcionais. Como balanço geral, diria que nos anos 2000 assistimos, por um lado, a sinais de enfraquecimento da autorrepresentação da profissão, com a derrocada do IAB e da Bienal de Arquitetura, por exemplo. Mas, por outro lado, tivemos avanços importantes no que refere à democratização do uso do espaço urbano, com a criação de um documento como o Estatuto das Cidades, e de eventos como o Fórum Social Mundial e a Virada Cultural. Além do CEU, é claro.
Mônica Junqueira de Camargo
Arquiteta, professora da FAU/USP e autora, entre outras publicações, de Joaquim Guedes (Cosac Naify, 2000) e Fábio Penteado: ensaios de arquitetura (Empresa das Artes, 1998).
1- Impossível selecionar um único projeto de uma vasta e diversificada produção de dez anos. Apenas nessa pesquisa foram identificados vários. Acho mais produtivo entender as justificativas dos meus colegas para suas escolhas.
2. Vejo uma crescente disposição, sobretudo entre os mais jovens, de enfrentar a atual complexidade da realidade urbana em detrimento do ideal de criar uma nova realidade. O respeito às preexistências tem imposto uma nova dimensão à arquitetura. A questão da preservação, tanto da paisagem como do espaço construído, alterou a própria ideia de arquitetura, impondo um novo sentido às intervenções no ambiente natural e construído. A expansão da noção de patrimônio alterou o campo disciplinar: o que antes era uma tarefa de especialistas passou a exigir uma compreensão generalizada de toda classe profissional que se dispõe a projetar em ambientes constituídos.
3. Ainda acredito na potencialidade da arquitetura em contribuir para a solução dos problemas urbanos, não apenas aqueles de ordem prática, mas também aqueles que se referem à criação de alternativas de convívio social.
4. Não colocaria nesses termos, mas como um balanço das conquistas e dos desafios que se apresentaram aos arquitetos nesses últimos dez anos. Por um lado, ampliou-se muito o conhecimento do campo disciplinar, facilmente verificável pelas pesquisas e pelas publicações sobre arquitetura, bem como pelo crescente número de escolas que se abrem no país. Por outro, houve total desagregação da ação coletiva, nunca a classe profissional esteve tão dispersa. Desconheço a realidade dos outros estados, mas em São Paulo não há nenhum órgão representativo que agregue um trabalho coletivo. Nada se consegue no plano individual, apenas no coletivo as ideias se viabilizam.
5. Os melhores arquitetos contemporâneos são aqueles que, de diferentes maneiras, se dispuseram a enfrentar as dificuldades do nosso tempo, e não se deixaram seduzir pelos atraentes apelos da moda. Tenho muita confiança nos jovens. Há muitos talentosos e conscientes dos desafios que se colocam à atuação dos arquitetos.
Otávio Leonídio
Doutor em história, professor da PUC/ RJ e autor de Carradas de razão - Lucio Costa e a arquitetura moderna brasileira (Loyola/PUC/RJ, 2007).
1. Penso, de imediato, em três projetos: Fundação Iberê Camargo, de Álvaro Siza Vieira; Cidade da Música do Rio de Janeiro, de Christian de Portzamparc; e Hospital Sarah Kubitschek Rio, de João Filgueiras Lima (Lelé). No caso de Lelé (meu escolhido), o que mais me encanta é a capacidade de seu autor de seguir insistindo num caminho que, desde 1936, é visto com desconfiança por sucessivas gerações de arquitetos brasileiros: as potencialidades estéticas da forma não-compositiva. O Sarah Rio é a obraprima que desmente um dos axiomas da arquitetura brasileira, a saber, o suposto desacordo entre qualidade estética e produção seriada.
2. A principal marca da década é, parece-me, a consolidação da hegemonia, em nível nacional, da arquitetura pensada, ensinada e produzida em São Paulo. Uma arquitetura que, de fato, se constitui numa “corrente”, de vez que se trata de uma produção estruturada por elos bastante sólidos, forjados no âmbito de uma escola (a FAU/USP), mas que se estendem pelas demais instâncias do métier paulistano. A trama de parcerias e colaborações que se estabelece a partir da FAU/USP e que caracteriza a prática projetual paulistana, em especial a que se estabelece em torno de Paulo Mendes da Rocha, não deixa dúvidas quanto à extensão, a força (porventura coercitiva) e os limites dessa corrente - espreitada, aqui e ali, pelo fantasma do maneirismo.
3. O título de uma exposição, realizada no final de 2005, em Paris, define, creio, o significado da arquitetura produzida hoje no Brasil: Ainda Moderno?. De minha parte, substituiria apenas o ponto de interrogação pelo de exclamação: ainda moderna! O que, segundo minha leitura, significa dizer: ainda não contemporânea. Trata-se, por isso mesmo, de uma arquitetura marcada por traços como: saudosismo, melancolia, desmedido apego ao sucesso, ao reconhecimento público e à celebração (sobretudo internacionais), ojeriza à crítica e indisposição para a autocrítica e, para não contrariar Oscar Niemeyer, incontinente cabotinismo. Mas, acima de tudo, dizer “ainda moderna” significa dizer inapta para lidar com as questões teóricas (não: “sustentabilidade” não é uma delas) que definem o mundo contemporâneo, e que implicam, no caso da arquitetura, a crise do conceito moderno de projeto. A propósito, o Prêmio Pritzker dado a Paulo Mendes da Rocha, em meados da década, e, sobretudo, o modo provinciano como foi recebido no Brasil, parece confirmar o lugar que se reserva - e candidamente se aceita - à arquitetura brasileira no panorama contemporâneo: jamais o da reflexão e da consciência crítica, senão, eternamente, o da alegria, da felicidade, da beleza, do bem-estar. É um lugar insatisfatório.
4. Minha sensação é a de que, em grande medida, a década de 2000 teve início na virada dos anos 1980 para os 1990, a partir de dois eventos seminais: a publicação, em outubro de 1990, pela revista AU, do texto em que Sophia Telles apresenta sua influente interpretação do projeto do Mube; e a vitória da equipe liderada pelos jovens discípulos de Mendes da Rocha, Angelo Bucci e Álvaro Puntoni (com José Oswaldo Vilela), no concurso para o pavilhão brasileiro na exposição de Sevilha de 1992 - vitória que deu lugar ao famoso artigo “Deu em vão”, publicado nesta PROJETO, no qual Hugo Segawa censurava Paulo Mendes da Rocha e demais integrantes do júri por terem optado por uma linha arquitetônica “conhecida, previsível e por isso mesmo conservadora”. Passados quase 20 anos, é hora de rever ambos os projetos e reler ambos os textos. Pois uma parcela significativa do que se fez desde então, de um modo ou de outro, se relaciona com esses dois projetos. E se me for permitida uma sugestão, creio que uma boa chave de leitura seria partir de duas constatações: a influência persistente e a recepção por regra acrítica de um e outro projetos; e o crescente desinteresse e mesmo a indisfarçada intolerância para com a crítica de arquitetura, em especial a crítica que, do ponto de vista dos muito satisfeitos, não foi capaz de reconhecer, já no final da década de 1980, a “evidente” qualidade e a “incontestável” pertinência da arquitetura de Paulo Mendes da Rocha.
5. Paulo Mendes da Rocha.
Renato Anelli
Professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos (USP) e autor, entre outras publicações, de Rino Levi: arquitetura e cidade (Romano Guerra, 2001) e Architettura contemporanea in Brasile (Motta, 2008).
1. Foi uma década com um bom número de projetos de alta qualidade arquitetônica, dos quais nenhum se destaca nitidamente. Escolho o Fórum de Cuiabá, concebido pelo arquiteto Marcelo Suzuki, pela capacidade de aplicar inovações originadas em pesquisas acadêmicas das áreas de sustentabilidade e estruturas em uma arquitetura ao mesmo tempo sistêmica e bela.
2. Vejo um amadurecimento das principais correntes que surgiram na década anterior. Destacaram-se os arquitetos que procuraram renovar os postulados modernos a partir das condições atuais, superando a oposição entre moderno e contemporâneo que marcou as duas décadas anteriores.
3. Obviamente a arquitetura brasileira é aquela feita por brasileiros, mas não podemos esquecer o significado cultural e político que essa qualificação tem. Após anos de globalização e aparente diluição de fronteiras nacionais, a atual retomada do desenvolvimento do Brasil pode recolocar a questão da identidade nacional também para a arquitetura. Difícil adiantar o que poderia vir a ser essa identidade brasileira neste século. Tanto o isolamento nacionalista quanto o deslumbramento com tudo que se produzia no exterior se esgotaram, dando lugar a uma inserção internacional mais equilibrada.
4. Nem um, nem outro, apenas alguns desenvolvimentos em certos pontos. É notável a ampliação da demanda pública. A maior ação do Estado se expressa através de políticas públicas nas áreas de habitação, planejamento urbano, equipamentos sociais e infraestrutura, para as quais a contribuição da cultura arquitetônica brasileira vem sendo, infelizmente, pouco aproveitada. No setor privado os avanços são decorrentes de uma nova clientela interessada em contratar projetos sem resquícios provincianos, capazes de colocá-la em um nível de igualdade com seus interlocutores estrangeiros. Oferecem oportunidades estimulantes para uma produção sofisticada e inovadora. Com isso são construídas casas, prédios de apartamentos e edifícios corporativos de alto custo e qualidade, que estimulam o desenvolvimento da cadeia produtiva da construção civil, da decoração e do design. Consolidam-se também as novas formas de atuação direta junto à sociedade civil, tendo as assessorias técnicas aos movimentos sociais por moradia se tornado um modelo para novas formas de organização da atuação profissional. Por último, merece desta que a ampliação da bibliografia disponível sobre arquitetura brasileira, fruto direto do desenvolvimento da pós-graduação na área. Forma-se um corpo de informações e análises que enriquece a cultura arquitetônica brasileira.
5. Paulo Mendes da Rocha foi o principal destaque. Deu continuidade à fase madura de sua obra, agora com maior projeção internacional graças ao Prêmio Pritzker. Suas parcerias com arquitetos mais jovens fornecem uma perspectiva de continuidade da fértil renovação da tradição moderna brasileira. Também Lelé atingiu nesta década um nível muito elevado de obras, infelizmente prejudicado pelas limitações institucionais que enfrenta. Por outro lado, a produção das novas gerações de bons arquitetos em várias regiões do país é muito promissora.
Roberto Segre
Professor da pós-graduação da UFRJ, coordenador do Docomomo Rio e autor de, entre outros, América Latina fim de milênio, raízes e perspectivas de sua arquitetura (Nobel, 1991) e Museus brasileiros (Viana & Mosley, 2010).
1. A obra que vai marcar esta década é o museu da Fundação Iberê Camargo, de Álvaro Siza. Ela representa a preocupação de Siza de inserir-se no contexto da paisagem e se relacionar com a cultura arquitetônica local, quando cita a influência de Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi. Mas, ao mesmo tempo, estão presentes a finura e o exigente detalhamento que caracterizam seu trabalho, tanto na seleção severa dos materiais, quanto na obsessão em utilizar o cimento branco na totalidade das superfícies externas. A intensidade volumétrica do conjunto, na articulação dos canais de circulação com a massa compacta do prédio, transformase em continuidade espacial no interior, em que se estabelece um diálogo entre a dimensão do vazio central e as salas distribuí-das nos diferentes andares. E a grande originalidade consiste na obtenção dessa continuidade espacial com uma estrutura maciça de concreto armado, em que não aparecem colunas.
2. O fato mais importante da década é que acabou a absurda dualidade e o antagonismo histórico entre as “escolas” paulista e carioca, que deixava de fora a produção de outras regiões do Brasil e que se transformou em um pluralismo arquitetônico com orientações diversificadas: o high tech caseiro de João Filgueiras Lima e de Siegbert Zanettini; a interdisciplinaridade de Isay Weinfeld; a integração entre a linguagem contemporânea e o regionalismo em Marcio Kogan, Bernardes & Jacobsen e Marcos Acayaba; o minimalismo do escritório gaúcho Studio Paralelo, mas também dos paulistas Angelo Bucci, Andrade Morettin e Lua e Pedro Nitsche, entre outros.
3. Com a perspectiva do Mundial de Futebol em 2014 e da Olimpíada em 2016, os olhos do mundo estão focados no Brasil e nos projetos para esses eventos. Apesar de o Brasil não ter sofrido as consequências negativas da crise econômica mundial que caracterizou a década, tampouco teve um desenvolvimento arquitetônico que o definisse com uma personalidade específica. Existe um desejo de conhecer a obra da nova geração emergente, mas nas publicações internacionais se mantém a insistência na produção dos mestres: Paulo Mendes da Rocha, Oscar Niemeyer, Ruy Ohtake, Isay Weinfeld, Gustavo Penna.
4. A intensidade da construção nesta década foi consideravelmente maior que na anterior. O desenvolvimento econômico esquentou a especulação imobiliária, mas não teve repercussão na boa arquitetura. Os investimentos nas obras sociais, como o PAC, as iniciativas dos estados e das prefeituras facilitaram a produção de projetos nas áreas periféricas das grandes cidades, nos espaços das favelas e na realização de edifícios públicos, como o conjunto de escolas de segundo grau no estado de São Paulo, e novas áreas verdes e infraestruturas esportivas. E também a iniciativa privada foi mais exigente com a criatividade dos projetos, concretizando-se obras interessantes, como a agência Loducca (Triptyque), o Centro de Arte Contemporâneo Inhotim (Rodrigo Cerviño Lopez), o Centro de Pentatlo Moderno (Bruno Campos, Marcelo Fontes e Sílvio Todeschi), as obras pouco citadas de Marcelo Suzuki (Fórum de Cuiabá e o Tribunal de Justiça de Mato Grosso) e os hotéis Fasano (Marcio Kogan e Isay Weinfeld) e Unique (Ruy Ohtake).
5. A década foi ainda dominada pela geração dos mestres, o que dificulta o surgimento de novas figuras relevantes, especialmente quando são escassos os concurso de obras de grandes dimensões, que permitiriam o surgimento de alguma nova personalidade. Os anos 2000 continuaram sob o domínio de Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha, Ruy Ohtake, João Filgueiras Lima, Eduardo Índio da Costa, Königsberger & Vannucchi, Aflalo & Gasperini, Gustavo Penna, Roberto Loeb, Brasil Arquitetura, Siegbert Zanettini, Isay Weinfeld, João Diniz, Marcos Acayaba, Flávio Kiefer, entre outros profissionais. Mas seria injusto não citar os escritórios dos jovens arquitetosque tentam abrir espaço no panorama nacional como, por exemplo, Carla Juaçaba, Yuri Vital, Humberto Hermeto, Arquitetos Associados, Una, FGMF, Bruno Lima, Chico Rosa, Lula Marcondes, Álvaro Puntoni, Estúdio Sete43 Arquitetura, SPBR, Procter & Rihl.
Matéria publicada integral e originalmente em PROJETODESIGN
Edição 371, Janeiro de 2011.
Por Jéssica Rossone