sábado, 7 de dezembro de 2013

Lina Bo Bardi - breve passagem pela vida da grande arquiteta ítalo-brasileira


Lina Bo Bardi, originalmente Achillina Bo, nasceu na cidade de Roma, capital italiana em 5 de dezembro de 1914, mas foi no Brasil que esta arquiteta  com inspirações modernista fez suas maiores criações. Nas terras brasileiras se casou com o crítico de arte Pietro Maria Bardi e dentre suas obras mais famosas estão o MASP (Museu de Arte de São Paulo) e o SESC Pompeia, também em São Paulo.

Lina Bo Bardi
Lina Bo Bardi graduou-se em Arquitetura pelo Colégio de Arquitetura de Roma em 1939, mas sua carreira iniciou-se em Milão juntamente com Carlo Pagani no estúdio Bo e Pagani, posteriormente trabalha com Giò Ponti, arquiteto e designer italiano e editor da revista Domus. Porém após elevar seu nome e montar um escritório próprio, Lina passa por intensas dificuldades decorrentes da II Guerra mundial que acarretou baixos serviços e até o caso de bombardeamento de seu local de trabalho. Fundou a revista Semanal A cultura dela vita juntamente com Bruno Zevi e foi ativista política do Partido Comunista Italiano, participando da resistência contra a Alemanha durante a guerra e agindo ativamente nos processos de reconstrução da cidade no seu sentido físico e moral.
Pietro e Lina


Em 1946 Lina se casa com Pietro Maria Bardi e se muda para o Brasil após os traumas da guerra. Aqui ela se estabeleceu e permaneceu pelo resto da vida, onde se naturalizou em 1951. No país ela participa ativamente da vida artística brasileira, e viu uma oportunidade de promover e difundir as ideias modernistas que pregava. Torna-se cofundadora, juntamente com seu marido, a revista Habitat, pregando o design e a arte para a maximização do potencial humano.

Casa de Vidro
Casa de Vidro
A arquiteta vem ao país com a intenção de morar no Rio de Janeiro pois ela se encanta com a natureza e a arquitetura que estava sendo produzida, especialmente o edifício do Ministério da Educação e Saúde Pública (Edifício Gustavo Capanema), projetado por Lucio Costa, sua equipe de jovens arquitetos com a consultoria de Le Corbusier. Porém Lina se instala em São Paulo, onde projetou sua residência no bairro Morumbi, a Casa de Vidro. A arquiteta ítalo-brasileira se apaixona pela cultura popular nacional, tornando-se uma grande admiradora e colecionadora, sendo isto influencia para suas obras, refletido no seu discurso inclusivo e preocupado com o uso popular cotidiano de sua arquitetura.

Participantes ativos da vida cultural brasileira, Pietro e Lina são convidados por Assis Chateaubriand para promover a criação de um espaço de arte em São Paulo, que originalmente ia se instalar no Rio de Janeiro. Inicialmente o mesmo se localizava no segundo andar do edifício dos Diários Associados. Com o tempo, crescimento do acervo e questões políticas, em 1958 um edifício próprio foi levantado na Av. Paulista com projeto de Lina. Este veio a ser considerado a sua obra prima.

Museu de Arte de São Paulo - MASP

Lina Bo Bardi morou da década de 1950 até 1964 na Bahia, onde inicialmente visitou com intuito de promover palestras a convite de Diógenes Rebouças. Lá realizou diversos projetos, tendo dirigido o Museu de Arte Moderna.

O SESC Pompeia foi executado nos anos 1970 e se tornou uma grande referencia para a história da arquitetura do século XX, onde ela conseguiu abranger seus conceitos de forma inovadora, realizando ao mesmo tempo revitalização e inclusão. Sendo um grande exemplo de apropriação de um espaço físico pela população anteriormente utilizado como fábrica.
SESC Pompeia - SP

Lina Bo Bardi esteve em constante produção até o fim da vida em 1992 em São Paulo, seja sozinha ou em parcerias. Produziu restaurações e intervenções, sendo importante seu projeto do centro histórico de Salvador reconhecido pela UNESCO como patrimônio da humanidade. Faleceu com projetos ainda em desenvolvimento, sendo este um 
de seus sonhos, morrer trabalhando.


A arquiteta possuía aversão em produzir residências elitistas, sempre privilegiando o caráter popular, cultural e universal da arquitetura. Seu caráter social, sua ligação com a arte como marcas de sua produção e sua contribuição para arquitetura do século XX tornam se referencias grandiosas para a atualidade. Bo Bardi serviu e até os dias de hoje serve como inspiração e homenagens para inúmeros arquitetos atuais como Gilbert & George, Cildo Meireles, Isaac Julien, Cristina Iglesias, Norman Foster e Adrián Vil­lar Rojas.

Escada do Unhão - MAM Salvador BA - Projeto de Lina Bo Bardi



Por Carlos Eduardo Rocha

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