Durante os anos de 2012 e 2013 a Universidade Federal de Juiz de Fora, juntamento com Departamento de Arquitetura e Urbanismo e sob a orientação do Professor de Arquitetura e Urbanismo Antônio Agenor Barbosa, desenvolveu o Treinamento Profissional denominado "Mapeamento e Documentação da Nova Arquitetura da Cidade de Juiz de Fora" entre os anos de 1990-2011.
A equipe que trabalhou neste Treinamento foram os graduandos em Arquitetura e Urbanismo - UFJF: Ana Luiza Delgado (atuante), Blenda Viana (até final de 2012), Carla Bernardes (até início de 2013) e Ives Dotta (atuante).
Para quem desconhece, "Treinamento Profissional" (TP) consiste no relacionamento entre a prática da profissão e a vivência pedagógica, através de visitas a campo,
mapeamento e análises. O intuito é inserir os alunos nos futuros campos de sua
atuação com o intuito de proporcionar a eles o conhecimento de como sua profissão se desenvolve no mercado.
Especificamento no "TP" apresentado, os alunos puderam se relacionar de forma indireta (por meio de entrevistas e acesso aos projetos) com escritórios de arquitetura e construtoras na cidade de Juiz de Fora. Fazendo com que se aproximassem da dinâmica que gere essas profissões, o dia -a -dia desses ambientes, a prática de projetos, as dificuldades, facilidades e a opinião de muitos profissionais responsáveis
pelas decisões que interferem diretamente na paisagem construída da cidade.
O intuito deste Projeto é o de criar a possibilidade de dar publicidade a esta nova produção de arquitetura na Cidade de Juiz de Fora, identificando autorias, referências e linguagens
arquitetônicas que fazem parte da paisagem contemporânea que vem sendo
construída na cidade.
Além disso, segundo o Documento que foi apresentado ao PROGRAD para aprovação do Projeto: " A
cidade de Juiz de Fora tem experimentado um crescimento populacional e um
desenvolvimento urbano sem precedentes nas duas últimas décadas."
"A
verticalização da sua arquitetura e o aumento das demandas por edificações
habitacionais tem dinamizado o mercado imobiliário na cidade e proporcionado
expansões em bairros até então tidos como periféricos para o desenvolvimento da
cidade alguns anos atrás".
Avenida Barão do Rio Branco na década de 60 Fonte: www.mariadoresguardo.com.br |
Avenida Barão do Rio Branco Fonte: www.portaldoturismo.pjf.mg.gov.br |
Como já foi mencionado anteriormente ,o projeto se baseou na realização
de entrevistas com os principais produtores desta recente produção
arquitetônica na cidade. Com
base nas respostas às entrevistas e questionários, foi elaborado um dossiê constando a documentação desta recente produção.
A intenção é que este material sirva como objeto de
estudo para os estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, bem como para os futuros pesquisadores interessados em entender o processo de desenvolvimento
urbano sofrido pela cidade na virada do século.
Através
de reuniões entre os alunos e o orientador, foi estabelecido um roteiro com aproximadamente onze temas que embasaram as pesquisas e entrevistas. A
partir disso, foi feito um levantamento dos principais atuantes nesta produção.
Escritórios selecionados para o desenvolvimento do TP |
Temas abordados:
Impactos
da nova arquitetura,
Demanda
dos escritórios,
Concepção
e processo projetual,
Linguagem
arquitetônica,
Demolição de pré-existências, Acessibilidade,Verticalização,
Materiais,
Espaços
livres,
Integração,
Referências
teóricas.
No
decorrer das pesquisas, a partir das conversas e abordagens realizadas com os
arquitetos durante as entrevistas, percebeu-se um leque de possibilidades que
podem desencadear variados assuntos relevantes.
Dentre
os tópicos abordados, os que geraram mais discussões nas entrevistas foram:
- A dúvida da existência de um desenvolvimento perceptível na arquitetura de Juiz de Fora e como ela se deu;
- O código de obras municipal julgado obsoleto pela maioria deles;
- A crescente verticalização;
- O tratamento das áreas livres da cidade;
- Patrimônio histórico.
- A dúvida da existência de um desenvolvimento perceptível na arquitetura de Juiz de Fora e como ela se deu;
- O código de obras municipal julgado obsoleto pela maioria deles;
- A crescente verticalização;
- O tratamento das áreas livres da cidade;
- Patrimônio histórico.
Para todas estas questões o Arquiteto e Urbanista tem papel fundamental.
“As
cidades, hoje, estão sendo feitas de cima para baixo, ou seja, com decisões do
mercado, do governo ou dos dois. Esse sistema não cria uma boa cidade.” – Brugmans;
George
É
exatamente este tipo de crescimento que temos observado na cidade de Juiz de
Fora, principalmente agora com a alteração da lei municipal 6910/86,
aprovada na Câmara no dia 25 de novembro de 2013.
A
alteração propõe um aumento na taxa de ocupação de algumas áreas do município
em até 30%, ou seja, poderá se construir o equivalente a um andar a mais em todo o município com exceção do centro.
O
principal problema deste aumento está nas áreas adjacentes ao centro, pois são
áreas que já têm sua infraestrutura comprometida, e o adensamento,
mesmo que seja bom para o mercado imobiliário, afetará a qualidade de vida dos
cidadãos juizforanos e os problemas que hoje já estão presentes no cotidiano
dessas áreas futuramente se agravarão, como: engarrafamentos, alagamento, transbordamento de esgoto, quedas de luz.
Alterações
essas estritamente de interesses econômico e político.
A cidade já se encontra em um estado precário de infra-estrutura, imagine quando as novas normas de construção começarem a vigorar.
Av. Itamar Franco, Av. Rio Branco, Rua Sampaio - Região Central de Juiz de Fora/MG - Chuva dia 09/12/13 |
Fonte: Comunidade Mais JF |
Não existem respostas, o que se tem que fazer é encontrar soluções e é nessa busca que se encaixa o Arquiteto e o Urbanista. Ideias não devem ser copiadas, pois cada lugar é único, possui seus próprios problemas e características. O Arquiteto e Urbanista deve ser protagonista nos processos que produzem a cidade.
Texto redigido por: Ana Luiza Delgado e Ives Dotta - Graduandos em Arquitetura e Urbanismo/UFJF e responsáveis pelo Projeto " Mapeamento e Documentação da Nova Arquitetura da Cidade de Juiz de Fora (1990-2011)."
Contribuição e Postagem: Por Carla Bernardes