terça-feira, 27 de maio de 2014

Análise do sistema de cotas na UFJF


O jornal Tribuna de Minas, da cidade de Juiz de Fora-MG, publicou uma matéria em que abordava o destino dos alunos que ingressaram na Universidade Federal de Juiz de Fora através do sistema de cotas.
Segundo o jornal, dos 87 aprovados no vestibular de 2006, 47 pessoas se formaram, ou seja 54% do total. Do restante: alguns estão tentando concluir o curso, outros não chegaram a se matricular, evadiram, trancaram ou pediram transferência.

Um exemplo de superação e força de vontade foi de Argemiro Silva Pires de 26 anos, que ingressou na UFJF em 2006 pelo sistema cotas do grupo A. Argemiro que é negro e de família humilde nunca havia ido ao campus até seu primeiro dia de aula na faculdade de Administração. Teve muitas dúvidas, medo das pessoas não o aceitarem, seu "mundo" era completamente oposto ao das pessoas de sua turma, chegou até pensar em desistir. Como não tinha dinheiro para pagar o ônibus, ia a pé de sua casa no bairro Santo Antônio até a Universidade, gastava em torno de quatro horas para chegar ao seu local de estudo. Conseguiu uma bolsa na Coordenadoria de Assuntos Acadêmicos (Cdara) aonde trabalha até os dias de hoje.
Ele demorou três anos a mais para se formar, mas conseguiu com muito êxito, deixando sua família orgulhosa e se tornando um exemplo para o seu Bairro.

Argemiro Silva Pires e sua mãe 

Outro exemplo é o de Otávio Fabrício Lemos Côrrea Maia de 34 anos. Este se graduou em Ciências Sociais pela UFJF e é mestre em saúde pública pela Fundação Oswaldo Cruz. Entrou na Universidade pelo sistema de cotas, também no ano de 2006. Hoje está concorrendo a uma vaga no doutorado de Antropologia Social no Museu Nacional na classe do não cotistas. Fabrício quer vencer o desafio e alcançar a pontuação máxima exigida, apesar de ser a favor do sistema de cotas, pois foi através dele que conseguiu alcançar seus objetivos.

Fonte: Revista ISTOÉ Independente

Ainda há muitas distorções no sistema, como também dificuldades de alguns alunos em determinadas disciplinas oferecidas pelos cursos. Porém existem muitos dilemas sobre a capacidade da política pública sanar os problemas da base da pirâmide estudantil.

Segundo Eduardo Magrone, pró-reitor de graduação: "Num país no qual houvesse menos desigualdade de condições, essa política poderia ser perfeitamente dispensada. Na prática, porém, se não houver uma ação afirmativa, as vagas na universidade continuarão reservadas, como foram no passado, para uma população estudantil privilegiada. Se deixarmos tudo quietinho como sempre foi, faremos com que o neto continue a ter o mesmo lugar do avô. Sem mobilidade social, não há sociedade democrática. Romper com isso é fundamental para o Brasil se desenvolver. E a universidade tem o papel dela nisso. Eu só não sei se ela está cumprindo", afirma o pró-reitor. Segundo ele, oito anos depois do ingresso de cotistas, o corpo docente ainda não está preparado para um perfil heterogêneo de aluno. "Estamos acostumados a receber ao longo dos anos um alunado que, em sua grande maioria, pertence a um nível socioeconômico bom, frequentou uma escola de ensino básico boa, tem disponibilidade de tempo para estudar. É esse estudante que o professor tem a expectativa de receber em sua sala de aula. Pela maneira sumária como os cotistas são reprovados, percebe-se que os docentes estão despreparados para recebê-los. Se a médio e longo prazo não houver uma reversão disso, eu diria que a política de cotas vai acabar se esgotando, não pelo fato de haver distorções que podem ser corrigidas, mas de haver uma universidade cuja cultura acadêmica, institucional, resiste a esse perfil de aluno." Tribuna de Minas 25 de Maio de 2014.





Por Carla Bernardes

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Ensinamentos de Lelé


No dia 21 de maio faleceu um dos maiores nomes da arquitetura brasileira, João Filgueiras Lima, o Lélé. O arquiteto nascido no Rio de Janeiro e formado em Salvador é considerado uma das grandes mentes da arquitetura modernista nacional. Ele ficou famoso pelo caráter social e humano que empregava em sua arquitetura, geralmente de grande porte, sendo que o conjunto arquitetônico da rede SARAH de hospitais é reconhecido nacionalmente como uma grande obra de Lelé.

Lelé em frente ao primeiro edifício da rede SARAH no país, localizado em Brasília. (Fonte)

O vídeo abaixo retirado do site Archdaily trás uma masterclass do arquiteto no Arq Futuro onde é apresentada um pouco de sua trajetória como profissional, seus processos de criação, infraestrutura, caráter social, materiais, conforto, dentre outros, além de se focar nos seus projetos realizados na rede SARAH.



Por Carlos Eduardo Rocha

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Inauguração do Memorial do 11 de Setembro - Nova York


No dia 15 de maio de 2014 foi inaugurado em Nova York (EUA) o memorial do 11 de Setembro de 2001, no local aonde ocorreram os ataques terroristas ao World Trade Center.

O National Semptember 11 Memorial Museum foi projetado pelo escritório norueguês Snohetta e concebido como "uma ponte entre dois mundos". A arquitetura apresenta um volume levemente inclinado, propiciando o acesso coberto às galerias subterrâneas aonde estão as fundações das Torres Gêmeas. O projeto também possuí duas colunas estruturais oriundas das torres originais, que podem ser vistas do lado de fora do memorial através da fachada translúcida.

Além do edifício, foi elaborada também uma Praça Memorial - "Marco Zero". As fachadas do edifício apresentam elementos reflexivos, vidros, linhas horizontais, desenhadas a fim de incentivar as pessoas a tocarem no edifício.

Com sistemas de reuso de água, iluminação e ventilação natural, a expectativa é que o espaço receba a certificação ecoeficiente LEED Ouro, concedida pela Green Building Cuoncill. 

Abaixo algumas imagens do Museu Memorial:

Vista do volume do Memorial
volume levemente inclinado (à esquerda)
Vista externa do Memorial e Praça "Marco Zero"
Detalhe de uma das fachadas - material reflexivo
Vista das colunas estruturais oriundas das torres originais
Vista interna do Memorial - pavimento térreo
Vista das escadas que dão acesso ao subsolo


Por Carla Bernardes

domingo, 18 de maio de 2014

A problemática da representação do espaço segundo Bruno Zevi


Bruno Zevi (1918 – 2000) foi um arquiteto italiano muito famoso por seus livros que teorizavam e introduziam a historiografia sobre a arquitetura moderna no século XX. Dentre seus livros, Saber ver a arquitetura de 1948 se tornou quase uma literatura obrigatória nas escolas de arquitetura e urbanismo por seu caráter reflexivo sobre as características básicas da produção arquitetônica, levantando problemáticas importantes sobre o olhar do objeto artísticos.

Nesta postagem me focarei no capítulo três do acima citado livro A representação do espaço que discorre sobre as formas de representação da arquitetura, não pelo olhar técnico construtivo, mas como meio de divulgação desta arte. Por se tratar de um livro antigo, algumas questões serão discorridas em paralelo relacionando ao atual momento de desenvolvimento da tecnologia, mas salientando que a maioria das questões continuam pertinentes.

A representação das diversas formas de artes que homem produz, sendo ela a pintura, escrita, música e etc. encontra-se, no presente meio tecnológico, satisfatoriamente bem traduzidas para a proliferação das mesmas, seja com impressos, fotografias e gravações de áudio, e isto traz uma aproximação e maior aceitação destas artes pelo grande público. Trazendo para o atual momento do século XXI, facilmente pode-se reproduzir música pelos quatro cantos do mundo, fazer cópias impressas em alta qualidade dos quadros famosos, traduzir livros, replicar esculturas e etc. Mas, como a arquitetura se encaixa nesse meio? Qual a melhor forma de exprimir esta arte e proliferar seus conceitos se não houver a relação direta do indivíduo com a arquitetura? Maquetes, plantas, cortes, fachadas não trazem a verdadeira aura da produção daquela arte e sua consequente reprodução para apreciação em massa. Arquitetura se relaciona com escalas, meios em que se encontram, cores, luz, sombra e sensações, estas que não são facilmente reproduzíveis. Zevi discorre em seu livro sobre cada uma dessas representações disponíveis na época.

A planta baixa vem como um importante meio de representação da arquitetura, uma boa forma de se mostrar a relação estrutural da mesma e ocupação no plano do terreno, mas falha em mostrar as demais relações espaciais da arquitetura, mesmo quando dotadas de grandes informações. Soma-se ao fato de ser um meio de comunicação de caráter técnico e de difícil compreensão para leigos.

O autor então nos mostra algumas formas de representar a planta que possam exprimir suas particularidades especiais que fogem do básico, para isso ele se utiliza da planta baixa da Basílica de São Pedro em Roma desenhada por Bonanini.



Relação de espaço ocupado do terreno X área livre (cheios e vazios)
Marcação dos nichos e corredores principais da basílica
Alturas mais proeminentes dentro da edificação

Mesmo após estas diversas formas de representação, seja os cheios e vazios, relações interior e exterior, estrutura, escala e alturas não é possível realizar o verdadeiro entendimento do projeto arquitetônico e suas intenções por estes desenhos. Não se pode ver suas peculiaridades, suas cores e luzes e proporções, ou seja, seus elementos não construtivos.

E se somarmos à planta a representação da fachada? Segundo o autor, não é efetivo da mesma forma. A fachada em sua representação básica exclui a relação e o peso dos materiais, assim como falha em demonstrar profundidades, pois tudo é desenhado de forma chapada.




Bruno Zevi demonstra os mesmos desenhos com a adição de características dos materiais e sombreamento que indiquem profundidade. Há obviamente um melhora quanto ao entendimento do projeto, mas ainda assim é limitada, como no exemplo utilizado da casa da cascata de Frank L. Wright, que possui volumes e blocos complexos, a representação de fachada torna-se uma imagem que não está ao pé do objeto físico.


Casa da cascata (fonte: blog architectus)

Segundo o autor, das formas de representação disponíveis na época e de fácil reprodução a fotografia seria uma boa forma de divulgar a arquitetura. Por mais que ela seja uma imagem, ela capta as particularidades daquele espaço, pois além de trazer a percepção visual real do objeto em três dimensões ele nos coloca no ponto de vista do observador, passando o campo de visão local, ou mesmo quando se tratam de vistas aéreas e perspectivas diferenciadas.

Zevi cita também o cinema como uma forma ainda melhor de representação, pois ele tem a capacidade de captar as imagens sequenciais que uma caminhada pelo objeto arquitetônico pode proporcionar. A arquitetura é uma arte de vivência e que nos possibilita infinitos pontos de vistas, perspectivas, iluminações e sensações.
Interior da Basílica de São Pedro - Vaticano (Fonte: www.flickr.com/photos/aragao/5215569054/)

Interior da Casa da Cascata (fonte: blog architectus)

Trazendo para o atual momento do século XXI, com as novas tecnologias, a divulgação do material se torna ainda mais fácil. Todos podem fazer suas fotografias, filmar vídeos em dispositivos pessoais, coisas que auxiliam na divulgação da arquitetura como arte para a grande população. Somando-se a isto, as novas técnicas de computação nos permitem criar espaços virtuais ou uma união entre virtual e real para chegar à forma mais coesa de se representar e disseminar a arte arquitetônica.

Um exemplo destas novas técnicas é o tour em 360º que pode ser feito da capela Sistina no Vaticano. O link pode ser acessado por esta imagem:



Vale salientar que o autor, apesar de considerar fotografia e cinema boas técnicas de representação, ainda nos trás ressalvas quanto à capacidade real de se exprimir o verdadeiro sentido da arquitetura. A mesma se dá em quatro dimensões, onde as três primeiras são bem representadas, porém a quarta está no caráter sensorial e cognitivo, algo que só a experiência real pode proporcionar, ou seja, uma das sensações mais importantes da arte, aquela que transcende o objeto físico. Apesar de muito interessante e uma bela forma de apresentação, o tour online da capela Sistina nunca exprimirá o verdadeiro significado sensitivo de estar neste ambiente religioso em pessoa.

Bruno Zevi conclui que para experimentar a arquitetura, que está na mesma categoria da capacidade de viver o espaço, a vida, o momento e as sensações, só ocorrerá plenamente se nos movermos, formos atrás de sentir e viver os locais, abraçar o mundo, todas as outras formas de representação são necessárias e importantes, porém apenas preparatório para verdadeira hora de viver a arquitetura.


Recomendo a leitura de Saber ver a arquitetura, pois se trata de um grande livro, com conceitos muito importantes para todos que querem ver a produção da arquitetura de uma forma maior que os desenhos de projetos. Como complementação desta leitura, recomendo o livro Ensaio sobre o projeto de Alfonso Martinez que acrescenta de forma interessante as ideias levantadas no livro supracitado.

Por Carlos Eduardo Rocha

domingo, 11 de maio de 2014

Coletivo Fotográfico


A Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal de Juiz de Fora desenvolveu um Projeto de Treinamento Profissional chamado de Coletivo Fotográfico. O intuito do Projeto é o de registrar a paisagem urbana de Juiz de Fora, principalmente sua arquitetura, que muda de forma tão rápida que a fotografia tem a função de registrar essas alterações e conservar a memória da cidade.

Além de arquitetura também há fotos de alimentos, animais, comunicação, eventos, jornalismo, dentre outros.

Sob a coordenação do Professor da Faculdade de Comunicação da UFJF Jorge Felz, juntamente com o Laboratório de Estudos e Pesquisa em Jornalismo Gráfico e Visual (GRAPHOS) e alunos da disciplina de fotografia da FACOM - UFJF criaram o Blog Fotocoletivo para divulgar esse banco de imagens Creative Commons.

Atualmente o Projeto Coletivo Fotográfico conta com três bolsistas: Audrey Morais (bolsista de extensão), Maristela Rosa e Lidiane Oliveira (bolsista de treinamento profissional).

Confira abaixo algumas imagens do Blog FotoColetivo:

Cine Theatro Central - Juiz de Fora
Fonte: Foto Coletivo
Clube Caiçaras - Juiz de Fora - São Mateus
Fonte: FotoColetivo
Detalhe Caixa de Correio - Juiz de Fora
Fonte: FotoColetivo
Cidade Juiz de Fora
Fonte: FotoColetivo
Edifício Juiz de Fora
Fonte: FotoColetivo
Cidade Juiz de Fora - São Mateus
Fonte: FotoColetivo
Mais informações acessehttp://fotocoletivo.wordpress.com/



Por Carla Bernardes

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Robert Hammond explica como surgiu a ideia da High Line em Nova York


Neste vídeo, tirado do site TED, Robert Hammond expõe como, juntamente com a organização Friend of the High Line, conquistaram a criação deste importante e já icônico espaço público na cidade de Nova York. Esta área urbana, construída inicialmente em 2009, tornou-se um grande exemplo atual da apropriação de espaços urbanos degradados em prol da população e lazer.

Clicando na imagem será direcionado para para o site oficial que possui as legendas em português.


Mais informações: Friends of the High Line
Por Carlos Eduardo Rocha

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