sábado, 12 de outubro de 2013

Bologna, Bologna

Leitores, eu, Jéssica Rossone, integrante da equipe editorial até agosto deste ano, agora resido em Bologna, Itália. Estou aqui pelo Programa Ciência Sem Fronteiras e permaneço até agosto de 2014. Durante este período, farei do Thau do Blog um espaço de intercâmbio, direcionando os olhares de acordo com a temática sempre abordada aqui.



Duas Torres, Piazza Ravegnana, Bologna, Itália.

Em foco hoje os mais variados temas e subtemas sobre mobilidade urbana, tecnologia, sustentabilidade, arquitetura paramétrica e por aí vai. Mas apresento aqui um pouco de tradição e continuidade.

Bologna, capital da Emiglia Romagna, Itália, é mais antiga cidade universitária da Europa. Cercada por resquícios da muralha e pórticos, é uma cidade centralizada e há pouco tempo começa a acontecer fora dos muros. Bologna já era habitada há cerca de um milênio antes de Cristo pelos etruscos, quando ainda se chamava Felsina. Em 1088, abrigou a primeira universidade do mundo ocidental, a Alma Mater Studiorum. E durante todos estes anos investiu e aprimorou tecnologias, acompanhando e construindo a história da humanidade no chamado primeiro mundo.

Um museu a céu aberto, praticamente todas os edifícios no centro do muro são considerados patrimônio cultural, assim como quaisquer obra de arte e manifestação cultural. Um erro seria pensar na evolução de Bologna do modo como fazemos nos países em desenvolvimento.

‘La grassa e rossa’ se contenta com o seu patrimônio, não sente necessidade de demolir e construir, e transformar tudo em algo novo.  Aqui, reutilizar é mais importante que construir. O significado de um monumento para os italianos, o seu valor cultural e social é muito mais importante que o valor de novidade.

A Basilica di San Luca, construída entre 1723 e 1757 e projetada por Carlo Francesco Dotti é um dos muitos exemplos do pensamento italiano diante do já construído. Ela se encontra no Monte della Guardia, um dos pontos mais altos de Bologna. Além das atrações do Santuário, o panorama da cidade surpreende e encanta o observador.



Santuário da Madonna di San Luca, na ocasião da visita dos alunos intercambistas da UNIBO 2013/14.


Dentro desde discurso, um contraste. Em 14 de maio de 1931, foi projetada e construída por Farruccio Gasparri a Funivia de San Luca, uma rede de teleféricos que ligava a Via Saragozza (na parte baixa da città bolognesa) à Basílica com 221 metros de desnível. A Funivia funcionou até 7 de novembro de 1976, quando foi desativada porque muitos acreditavam que as peregrinações até o Santuário estavam perdendo força devido a presença do teleférico. A Estação pela tradição. A tradição pela tradição. O patrimônio pelo patrimônio. Va bene, va bene.



Cartão Postal: Estação Funivia Via Saragozza - San Luca



Percurso da Funivia Via Saragozza - San Luca

Apesar do descontentamento diante do fato percebido em artigos de jornais e revistas da época, ela continua na memória das pessoas direta ou indiretamente.  Hoje, a Estação Via Saragozza foi transformada num edifício residencial e toda a área do entorno é chamada Zona Funivia. O acesso ao Santuário pode ser feito caminhando ou em automóvel.

Para saber mais:

Artigo de Athos Barigazzi sobre a Funivia: C' era una volta la funivia
Site: bolognaracconta.com

Por Jéssica Rossone

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