Imagem: Professor Mauro Halfeld(no centro), Professor Antônio Agenor Barbosa(no fundo) e os alunos de Projeto Arquitetônico II da UFJF Fonte: cedida pela aluna de PAII |
Filho de mãe alemã e pai indígena, Mauro Halfeld dos Guaranys formou-se
em Arquitetura na Universidade do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, na
década de 1960. Assim que se formou foi convidado pelo abade do Colégio de São
Bento, no qual havia estudado, para projetar uma ampliação e reforma do
colégio.
Este projeto recebeu o prêmio do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB)
em 1968, por ser o empreendimento que melhor representava o diálogo entre o
antigo e o moderno, sendo este uma obra do período colonial do século XVII.
Atualmente é professor universitário e membro do corpo de jurados do IAB
– RJ.
Possui atuação em projetos para residências, pousadas, condomínios,
colégios, restaurantes, centros culturais, como, o CENTRO DE REUNIÕES EM
INHOTIM – MG.
Além disso, é arquiteto do SESI (Nacional) com projetos para centros de
atividades para operários da indústria, em vários estados.
Também foi autor de projetos para favelas no Rio, como a Rocinha e o
Morro dos Macacos.
Sua palestra, intitulada como “O ARQUITETO E SEU POSTO DE OBSERVAÇÃO”, abordou a forma de
percepção do arquiteto em propor soluções para o uso do espaço, de forma a
otimizar os ambientes, tendo sempre a intenção de integrar o ESPAÇO e o TEMPO,
principalmente para os que irão habitá-lo e usufruí-lo.
Segundo o palestrante, a
arquitetura se for pensada de forma humanizada e contextualizada, tem o poder
de atuar diretamente tanto na estrutura de uma família quanto na estrutura de uma cidade.
Imagem: Professor Maruo Halfeld - explicação do projeto doColégio de SãoBento.
Fonte: Arquivo Próprio |
Imagem: Professor Mauro Halfeld - explicação do projeto do Colégio de SãoBento.
Fonte: Arquivo Próprio |
Mencionou também sua experiência em relação ao
projeto de requalificação realizado em umas das favelas mais importantes do Rio
Janeiro, a Rocinha.
O diferencial deste projeto
foi que não ficou restrito apenas ao olhar do arquiteto, mas também houve uma
grande contribuição da comunidade local.
Segundo Mauro, foram
organizados dois grupos distintos: um grupo constituído pelos planejadores e um
outro grupo constituído pelos moradores da comunidade, ambos com o mesmo número
de integrantes.
O objetivo era entender as
necessidades das pessoas que iriam utilizar os espaços propostos. Levantar informações sobre o que era
realmente importante, o que faltava a eles, o que era dispensável e o que era indispensável, na visão dos habitantes.
Além de uma reforma física,
havia a necessidade de uma “reforma social”, que possibilitasse à população
melhores condições de vida, lazer, cultura e educação, além de espaços de moradia em melhores condições.
Após muitos diálogos e debates foi proposta uma solução que possuía a seguinte estrutura:
Após muitos diálogos e debates foi proposta uma solução que possuía a seguinte estrutura:
- Construção de vários edifícios de quatro pavimentos, conectados uns aos outros através de rampas: uma das questões colocadas pelos habitantes da Rocinha foi a falta de privacidade. Estes prédios, no entanto, foram projetados pensando nisto. O acesso às habitações eram todos do mesmo lado, através de um único corredor e as janelas ficavam do lado oposto, permitindo assim ventilação cruzada;
Imagem: Professor Mauro Halfeld - explicação do Projeto da Rocinha
Fonte: Arquivo Próprio |
- Também foram criados espaços para desenvolvimento de hortas, de forma que os moradores abasteçam suas casas e também lucrem com as vendas dos hortifrutis;
- Foi criado também o C4, um centro destinado à convivência, comunicação e cultura;
- Os restaurantes, além de serem utilizados para realização de refeições, também tem a finalidade de ensinar aos moradores peculiaridades desta área;
- Foram propostas também Bibliotecas, Salas de Aula, dentre vários outros usos;
Este termina destacando o quanto é importante “pensar no espaço do outro", que projetar não é
apenas fruto de capacidade técnica, mas é entender acima de tudo o espaço como um todo, como é utilizado, qual a importância dele para as pessoas que os utilizam.
É importante vivenciar o espaço e se dar conta do espaço em si. Saber ouvir as pessoas e as suas necessidades e não simplesmente impor a elas um espaço.
A vontade do arquiteto deve ficar em segundo plano, sua função é entender a complexidade do contexto, identificar quais são os pontos chaves para se projetar com dignidade e qualidade.
Por Carla Bernardes e Paula Esteves
É importante vivenciar o espaço e se dar conta do espaço em si. Saber ouvir as pessoas e as suas necessidades e não simplesmente impor a elas um espaço.
A vontade do arquiteto deve ficar em segundo plano, sua função é entender a complexidade do contexto, identificar quais são os pontos chaves para se projetar com dignidade e qualidade.
Imagem: Professor Mauro Halfeld e os Alunos de Projeto Arquitetônico II Fonte: Arquivo Próprio |
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